Pais devem estar atentos a comportamento suicida de jovens
Foto: Breno Esaki/ Saúde-DF
Levantamento aponta crescimento na quantidade de casos entre jovens e adolescentes no país
O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, celebrado em 10 de setembro, marca a campanha do Setembro Amarelo, dedicada a conscientizar a população sobre o suicídio e suas formas de prevenção. Um dos grupos mais vulneráveis a essa questão são os jovens e adolescentes, que exigem um olhar mais atento e cuidadoso. Entre 2011 e 2022, o índice de suicídio entre jovens no Brasil cresceu 6% ao ano, enquanto as notificações de autolesões nessa faixa etária aumentaram 29% anualmente, de acordo com um estudo do Cidacs/Fiocruz Bahia e pesquisadores de Harvard. Esses números são significativamente superiores aos da população em geral, revelando a urgência de estratégias preventivas direcionadas a essa faixa etária.
Uma das grandes preocupações é a dificuldade que muitos pais têm em reconhecer os sinais de alerta. Um estudo da European Child & Adolescent Psychiatry revelou que metade dos pais não percebe sinais graves de isolamento e comportamento suicida em seus filhos. A psiquiatra Danielle H. Admoni, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), ressalta que muitos pais confundem os sintomas de sofrimento mental com as mudanças típicas da adolescência, resultando em intervenções tardias ou inadequadas. Um estudo nos Estados Unidos reforça essa questão, mostrando que 45% dos pais não identificam a gravidade dos sintomas apresentados por seus filhos.
Diversos fatores podem motivar comportamentos suicidas entre jovens, como tentativas prévias, transtornos mentais e bullying. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que quem já tentou suicídio tem de 5 a 6 vezes mais chances de tentar novamente. Além disso, 97% das pessoas que se suicidam têm algum transtorno mental, muitas vezes não diagnosticado ou tratado inadequadamente. O bullying também é um fator alarmante, com adolescentes que sofrem intimidação sistemática tendo 2,7 vezes mais risco de suicídio, conforme relatado no Journal of Maternal and Child Health.
Entre os principais sinais de risco estão mudanças no sono e apetite, queda no rendimento escolar, automutilação, comentários pessimistas, entre outros. É fundamental que pais, familiares e professores estejam atentos a esses comportamentos e busquem ajuda profissional ao menor sinal de alerta. O tratamento geralmente envolve terapia, e em alguns casos, o uso de medicamentos pode ser necessário, dependendo do diagnóstico. O diálogo aberto, a oferta de apoio emocional e o acompanhamento constante são cruciais para evitar que situações de risco evoluam para algo mais grave.
Em situações de crise, é essencial procurar ajuda profissional. O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio por meio do número 188, além dos serviços de saúde mental disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). A conscientização e o acesso ao suporte adequado são fundamentais para reverter esse cenário alarmante e promover a saúde mental entre jovens e adolescentes.