quarta-feira, abril 16, 2025
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Vinhos do DF superam rótulos internacionais

Região se consolida como referência na produção de vinhos brasileiros

Os vinhos produzidos no Cerrado de Altitude, no Distrito Federal, ganharam destaque ao apresentar qualidade superior à de rótulos tradicionais da França, Itália, Espanha, Argentina e outros países renomados. A constatação vem de uma pesquisa inédita coordenada pelo Instituto Federal de Brasília (IFB), em parceria com especialistas da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS-RS) e do Laren-RS, com apoio da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV). O estudo, que recebeu investimento de R$ 1,5 milhão da FAPDF, analisou as safras de 2022 e 2023 da uva Syrah, símbolo da produção local.

Segundo o coordenador da pesquisa, Rafael Lavrador Sant Anna, os vinhos do DF apresentaram altas concentrações de compostos fenólicos e antioxidantes, como o resveratrol, superando inclusive vinhos de regiões consagradas. Os testes foram refeitos devido aos resultados impressionantes. “Foi necessário repetir as análises para confirmar os índices, que estavam acima do esperado. A Syrah do Cerrado se mostrou extremamente promissora”, destacou o pesquisador.

As análises foram realizadas em um laboratório especializado de Caxias do Sul (RS), único no Brasil com capacidade para aplicar os protocolos internacionais da OIV. O sucesso da Syrah no solo brasiliense também está ligado à técnica da dupla poda, que permite colher a uva no inverno, garantindo maturação ideal e qualidade superior. Essa adaptação confere ao vinho uma identidade varietal única e uma coloração marcante.

Com base nesses avanços, os pesquisadores propõem a criação da primeira Indicação Geográfica (IG) brasileira baseada em critérios laboratoriais, não apenas sensoriais. “Queremos garantir autenticidade e rastreabilidade com base em dados bioquímicos. Isso agregaria ainda mais valor ao nosso vinho”, defende Lavrador. A proposta já foi apresentada à Vinícola Brasília, que lidera a produção local.

O projeto Vinhas Brasília, apoiado pela FAPDF e coordenado pela UnB desde 2021, estruturou a cadeia produtiva e impulsionou o enoturismo no DF. A região se consolida, assim, como uma nova fronteira da vitivinicultura brasileira. “Brasília não só entrou no mapa do vinho, como já é uma referência. O Cerrado tem um potencial surpreendente, e estamos apenas no começo”, afirma Marco Antônio Costa Júnior, presidente da FAPDF.

Foto: Kennedy Barros