Aumento de ICMS preocupa setor de transportes
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Reajuste deve impactar toda cadeia produtiva, chegando ao consumidor
A partir de 1° de janeiro de 2026, o preço dos combustíveis e do gás de cozinha terá novo impacto no bolso do consumidor e do setor produtivo. O Confaz confirmou o aumento do ICMS, que promete afetar gasolina, diesel e GLP pelo segundo ano consecutivo. A gasolina terá alta total de 6,8%, com o valor por litro subindo de R$ 1,47 para R$ 1,57; já o diesel passa de R$ 1,12 para R$ 1,17, e o gás de cozinha terá cobrança de R$ 1,47 por quilo — reajuste de 5,7%. A medida reacende debates sobre o custo de vida e a competitividade econômica, em um cenário já marcado por instabilidades.
Entre os setores que mais sentirão os reflexos do aumento está o Transporte Rodoviário de Cargas (TRC), responsável por mais de 60% da logística nacional. O combustível representa de 35% a 40% dos custos operacionais de uma transportadora, o que acende sinais de alerta entre empresas que lidam com margens apertadas. “Qualquer elevação significativa no ICMS, como a anunciada, compromete a previsibilidade do setor e pode gerar efeito dominó: encarece o frete, pressiona cadeias produtivas e impacta preços ao consumidor”, destaca Joyce Bessa, diretora de estratégia e gestão da TransJordano.
Além do aumento tributário, o setor enfrenta o desafio recente da maior mistura de biodiesel ao diesel, medida que trouxe impactos no desempenho dos veículos e na manutenção de frotas, especialmente para empresas que atuam com cargas sensíveis. Segundo Marcel Zorzin, CEO da Zorzin Logística, o impacto é direto e imediato. “O combustível é um dos maiores custos da operação. Quando a mudança ocorre sem tempo hábil de adaptação, o prejuízo chega primeiro ao transportador, que não consegue repassar integralmente os custos”, avalia.
Com reajustes sucessivos e mudanças regulatórias frequentes, transportadoras têm buscado estratégias para evitar perdas e manter competitividade. Entre elas, renovação de frota, investimentos em tecnologia para redução de consumo, rotas otimizadas e diálogo com clientes para repasse gradual dos aumentos. Bessa ressalta que o planejamento de longo prazo tem sido a principal defesa das empresas diante das incertezas. No entanto, especialistas concordam: a alta do ICMS e o encarecimento dos combustíveis devem continuar repercutindo em fretes, serviços e, inevitavelmente, na inflação que chega aos consumidores.

