Quatro décadas depois, HIV ainda preocupa o Brasil
No ano passado, quase 40 mil novos casos da doença foram diagnósticos no país
Apesar dos avanços no tratamento, no diagnóstico e da redução de mortalidade pelo HIV e pela aids, o Brasil ainda enfrenta grandes desafios relacionados à infecção. A conclusão tem como base o Boletim Epidemiológico HIV e Aids de 2025, que aponta um crescimento elevado no número de novos casos, ressaltando a importância da manutenção de políticas contínuas de prevenção, informação e cuidado.
De acordo com o estudo, em 2024, o país registrou pouco mais de 39 mil novos diagnósticos de HIV. Desde o início da epidemia, na década de 1980, mais de 400 mil mortes tiveram o HIV ou a aids como causa básica, com maior concentração na Região Sudeste. Apenas no último ano, foram contabilizados mais de nove mil óbitos por aids, um indicador que, embora menor que em períodos anteriores, reforça a gravidade da doença e a importância do diagnóstico precoce e da adesão ao tratamento.
O boletim também evidencia que a epidemia segue mais concentrada entre os homens. A diferença entre os sexos aumentou de forma consistente ao longo das últimas duas décadas, alcançando em 2024 uma proporção quase três vezes maior de homensinfectados em relação às mulheres. Homens jovens, especialmente entre 25 e 34 anos, e homens que fazem sexo com homens continuam entre os grupos mais impactados, ainda que o perfil da epidemia venha se diversificando com o tempo.
Para o urologista Rodrigo Trivilato, o enfrentamento do HIV passa, necessariamente, pela informação correta. Segundo ele, é essencial esclarecer que a transmissão está relacionada a fatores fisiológicos, como a ocorrência de microlesões durante o contato sexual, e não a questões de identidade ou orientação sexual. “Qualquer pessoa pode se infectar. Por isso, campanhas de saúde pública baseadas em evidências são fundamentais para combater o estigma e ampliar a prevenção”, afirma. Em 2025, quando o Brasil completa 40 anos de resposta ao HIV e à aids, o boletim destaca ainda avanços importantes, como o pedido de certificação para a eliminação da transmissão vertical do vírus no país.
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