quinta-feira, setembro 19, 2024
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Aumento da população idosa desafia sistema de saúde

Foto: Marcello Casal Jr. /Agência Brasil

Doenças crônicas e aumento de tempo de internação exigem mais capacitação dos profissionais e adaptações nas unidades de atendimento

O rápido envelhecimento da população brasileira, revelado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trará desafios significativos para a saúde pública nas próximas décadas. De acordo com as projeções, em 2070, os idosos representarão cerca de 38% da população, passando de 33 milhões em 2023 para 75,3 milhões. Esse cenário exige uma revisão profunda das políticas de saúde, já que a demanda por cuidados médicos crescerá exponencialmente, impactando diretamente os gastos públicos.

Entre 2024 e 2034, o envelhecimento da população poderá aumentar em R$ 67,2 bilhões os custos com saúde, de acordo com estudos do governo federal. Esse montante abrange despesas com medicamentos, internações hospitalares e outros serviços médicos especializados. A necessidade de cuidados de longa duração e a gestão de doenças crônicas também exercerão pressão sobre o sistema de saúde, exigindo investimentos em assistência farmacêutica e atendimento hospitalar, além da adaptação das políticas de saúde para essa nova realidade.

Os dados do DRG Brasil (plataforma de gestão de saúde), que analisaram mais de 1,5 milhão de altas hospitalares em 2023, mostram que os idosos tendem a ocupar mais leitos hospitalares e por períodos mais longos. Pacientes com 80 anos ou mais ficam internados, em média, 7,4 dias, mais que o dobro da média de 2,9 dias dos pacientes mais jovens, entre 20 e 29 anos. Isso reflete a complexidade dos cuidados necessários para essa faixa etária, que geralmente apresenta múltiplas condições de saúde, necessitando de tratamentos mais prolongados e complexos.

O envelhecimento populacional também eleva a prevalência de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, câncer e doenças neurodegenerativas, como Alzheimer. Essas condições requerem cuidados contínuos e intensivos, aumentando o uso de medicamentos e de tecnologias assistivas. Marcelo Carnielo, especialista em gestão de custos hospitalares, destaca que essa situação demanda a capacitação dos profissionais de saúde e adaptações nas unidades de atendimento para oferecer suporte adequado aos idosos.

Além dos desafios diretos para a saúde, o envelhecimento da população impacta outras áreas, como a previdência social e a economia. A diminuição da população economicamente ativa pode comprometer o crescimento econômico e a sustentabilidade fiscal do país. Diante desse cenário, o Brasil precisará de reformas profundas, não só na previdência, mas também na gestão dos serviços de saúde, para garantir um envelhecimento digno e sustentável para a população.