Casos de gripe crescem e reforça alerta para vacinas
Registros de casos de influenza ultrapassaram em poucos meses volume total de ocorrências de 2024
O Distrito Federal enfrenta uma onda preocupante de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que tem lotado unidades de saúde públicas e privadas. Segundo o boletim mais recente da Secretaria de Saúde (SES-DF), já são 6.377 registros confirmados até o início de setembro. A alta chama atenção especialmente nos casos ligados à Influenza, que cresceram 65% em relação a 2024, superando em poucos meses todo o volume do ano anterior.
Os sintomas mais frequentes incluem febre, tosse persistente, dificuldade para respirar, fadiga e mal-estar generalizado. Embora possam parecer semelhantes aos de uma gripe comum, o agravamento rápido diferencia a SRAG e exige atendimento médico imediato. “O número de casos de Influenza já ultrapassa o esperado e preocupa principalmente por atingir idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas”, explica Juliane Malta, diretora de Vigilância Epidemiológica da SES-DF.
Ainda de acordo com a secretaria de Saúde a maioria dos casos relacionados à Influenza ocorreu em pessoas acima de 60 anos, seguida por crianças menores de 2 anos e pessoas com comorbidades. Entre esses pacientes, as doenças cardiovasculares foram as mais prevalentes, seguidas por doenças respiratórias e diabetes. Quanto aos óbitos registrados neste ano, o grupo de idosos com 60 anos ou mais foi o que apresentou mais casos. E as doenças cardiovasculares foram as que mais contribuíram para as mortes.
Histórias recentes ilustram o impacto da vacinação no enfrentamento da doença. Maria Helena Soares, 67 anos, portadora de hipertensão e diabetes, não havia se vacinado contra a gripe neste ano. Após apresentar tosse intensa e febre alta, evoluiu para falta de ar e precisou ser internada em UTI. Seu quadro foi classificado como grave e exigiu suporte respiratório. Segundo especialistas, a falta da imunização contribuiu para a gravidade da evolução clínica.
Já o caso de Pedro Barroso, 72 anos, também hipertenso, reforça o efeito protetor da vacina. Ele recebeu a dose contra Influenza em maio e, ao contrair o vírus, apresentou apenas febre baixa e cansaço, que foram controlados com acompanhamento ambulatorial. O paciente se recuperou em casa, sem necessidade de hospitalização.
A vacinação contra Influenza está disponível em mais de cem Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do DF e é voltada prioritariamente a idosos, crianças pequenas, gestantes, profissionais da saúde e grupos com maior vulnerabilidade. Além dela, a rede pública oferece a vacina pneumocócica para idosos institucionalizados e pessoas com doenças respiratórias crônicas, além de disponibilizar o anticorpo Nirsevimabe, que protege bebês contra infecções graves causadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR).
O Ministério da Saúde também anunciou que, a partir de novembro, gestantes passarão a receber em todo o país a vacina contra o VSR, medida que deve reduzir complicações da bronquiolite em mães e bebês. Enquanto isso, no DF, o fosfato de oseltamivir continua sendo distribuído para pacientes de grupos de risco que apresentem síndrome gripal, independentemente da situação vacinal, como estratégia de prevenção de complicações.
A Secretaria de Saúde reforça que qualquer sinal de agravamento deve ser motivo para buscar assistência médica imediata. “A SRAG compromete a função respiratória e pode evoluir rapidamente para insuficiência respiratória e até morte. A vacina é a forma mais eficaz de evitar quadros graves”, destaca a pasta. A recomendação é clara: não subestimar os sintomas e manter a vacinação em dia para reduzir riscos e salvar vidas.
Foto: Breno Esaki/Agência Saúde

