Comércio absorve impactos para não perder clientes
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Congelamento de preços ou pequenos ajustes são estratégias para manter negócios
O Brasil enfrenta um grande desafio com a alta constante dos alimentos. Comer em casa está casa vez mais caro e tem obrigado cidadãos a fazerem escolhas mais acessíveis para montar o cardápio semanal. Já quem opta por fazer refeições em bares e restaurantes têm sentido um impacto menor na hora de pagar a conta, isso porque os comerciantes estão tentando absorver o aumento dos insumos para não perder a clientela.
De acordo com dados IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,16% em janeiro, mas o setor de alimentos continua pressionando pelo aumento dos preços.
A inflação dos alimentos para quem come em casa subiu 1,07%, enquanto a alimentação fora do lar subiu 0,67%, reforçando a tendência dos últimos meses: bares e restaurantes continuam absorvendo parte dos aumentos de custo para evitar repasses aos consumidores.
Os lanches foram os que sofreram o maior reajuste, aumento de 8,23%, acima da inflação geral do setor de alimentação fora de casa, enquanto as refeições completas registraram variação menor, de 6,13%.
Donos de bares e restaurantes afirmam que reduziram suas margens de lucro para não perder clientes. “Está cada vez mais difícil manter a clientela. O dinheiro está cada vez mais curto e as pessoas estão ficando com medo de gastar. Estamos fazendo de tudo para evitar repasses aos clientes, mas já estamos chegando no limite. Além do preço dos alimentos, temos que lidar com as obrigações tributárias, encargos trabalhistas, água, luz, internet. É um verdadeiro equilíbrio em corda bamba que temos que fazer”, revela Fábio Silva, proprietário de restaurante no DF.
Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), 26% dos empresários não conseguiram reajustar seus cardápios nos últimos 12 meses, enquanto 63% fizeram reajustes abaixo ou apenas acompanhando a inflação.
“O setor de alimentação fora do lar continua segurando os preços para não perder clientes, mas essa estratégia tem limite. Os custos operacionais seguem crescendo, e a margem de lucro de muitos negócios já está comprometida”, afirma Paulo Solmucci, presidente da Abrasel.