Escala 4X3 pode trazer impactos para economia
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Especialista alerta que jornada reduzida pode gerar queda no poder aquisitivo, informalidade e inflação
A proposta de redução da jornada de trabalho no Brasil, prevista em uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que sugere uma escala de quatro dias de trabalho e três de descanso (4×3), tem gerado debates sobre seus possíveis impactos na economia e na qualidade de vida dos brasileiros.
Embora reconheça os benefícios de uma jornada reduzida, especialmente para a população de baixa renda, o analista político e consultor eleitoral, Wilson Pedroso, destaca que a medida, como está, apresenta riscos significativos. “Não que ela seja ruim, na teoria. Mas, na prática, traz riscos importantes para a economia nacional e para os próprios trabalhadores”, afirma.
A PEC propõe jornadas de até oito horas diárias e 36 semanais, acompanhando uma tendência global observada em países desenvolvidos. No entanto, segundo Pedroso, o contexto brasileiro é distinto. Ele alerta que, caso aprovada, a mudança pode levar à redução do poder aquisitivo, aumento da informalidade e inflação. “A obrigatoriedade dessa escala pode forçar empresas a contratar mais, reduzindo a média salarial, ou a manter os mesmos funcionários com maiores custos operacionais, o que pressiona os preços dos produtos e serviços”, explica.
Para mitigar esses impactos, o analista sugere a criação de instrumentos legais que garantam maior flexibilidade na implementação da medida. “Uma saída seria a criação de um período de transição e a redução gradual da jornada, considerando as características de cada setor econômico”, propõe. Outras alternativas incluem benefícios fiscais para empresas que mantiverem salários intactos e um sistema de negociação entre empregadores e empregados, que já vem sendo discutido na Câmara dos Deputados.
Apesar das dificuldades, o Wilson reforça a importância do tema e critica a abordagem simplista que muitas vezes é dada à questão. “Esse assunto precisa ser debatido de forma madura e aprofundada com toda a sociedade. Não é possível que, de repente, um tema de tamanha seriedade seja apresentado de maneira tão simplista e, principalmente, utilizado como palanque político”, alerta. A discussão, segundo ele, deve buscar equilibrar ganhos sociais e estabilidade econômica, garantindo avanços sustentáveis para o país.