Escolas cívico-militares ganham força no DF
Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília
Resultados positivos de disciplina, desenvolvimento educacional e cidadania são destacados pela comunidade escolar
As escolas cívico-militares do Distrito Federal vêm conquistando índices elevados de aprovação entre a comunidade escolar. Levantamentos recentes apontam que, em todas as unidades avaliadas, mais de 80% dos pais, alunos, professores e servidores aprovam a forma de funcionamento, chegando a 98,3% de aprovação no Centro de Ensino Fundamental (CEF) 17 de Taguatinga. Para as famílias, a presença de militares dentro do ambiente escolar trouxe maior disciplina, sensação de segurança e apoio ao processo de ensino-aprendizagem.
Atualmente, 25 escolas da rede pública do DF funcionam sob o modelo de gestão compartilhada, que une as secretarias de Educação e de Segurança Pública. A iniciativa foi lançada em 2019, com quatro escolas-piloto, e desde então tem se expandido para diferentes regiões administrativas, especialmente em áreas mais vulneráveis, onde a violência e os baixos indicadores educacionais eram realidade constante.
O Centro de Ensino Fundamental 17 de Taguatinga é um exemplo do impacto dessa mudança. Desde fevereiro, a escola passou a integrar o programa e, em poucos meses, já registrou uma das maiores aprovações entre a comunidade. “Eu sinto meu filho mais motivado a estudar e participar das atividades. Além disso, sei que ele está em um ambiente mais organizado e seguro”, afirma Maria de Lourdes, mãe de um estudante do 8º ano.
Para os gestores, a percepção positiva não se restringe apenas ao aspecto da segurança. A disciplina introduzida pelos militares contribuiu para melhorar o clima escolar e ampliar a participação em projetos extracurriculares. Entre eles estão atividades esportivas, culturais e até musicais, conduzidas por integrantes das forças de segurança.
O apoio militar é direcionado para funções específicas: acompanhamento da entrada e saída dos alunos, reforço na disciplina, orientação em atividades cívicas e execução de projetos voltados à cidadania. Cabe aos professores, por outro lado, a condução pedagógica e o trabalho em sala de aula. Essa divisão de responsabilidades é apontada como um dos fatores que explicam a boa receptividade do modelo.
Atualmente, 17 escolas contam com apoio do Corpo de Bombeiros e outras oito recebem suporte da Polícia Militar. Juntas, elas estão distribuídas nas regiões deBrazlândia, Ceilândia, Guará, Gama, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Planaltina, Recanto das Emas, Samambaia, Santa Maria, Sobradinho, Taguatinga, Plano Piloto e Cruzeiro. Em algumas dessas unidades, os indicadores do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) já mostram avanços significativos.
Outro aspecto que vale destacar é que a consulta pública com a comunidade escolar ocorre antes da implantação do modelo. Essa etapa garante que pais e responsáveis participem da decisão, fortalecendo o vínculo de confiança. “Não é uma mudança imposta de cima para baixo. Nós, pais, fomos ouvidos e sentimos que nossas preocupações foram levadas em conta”, explica Fernanda Silva, mãe de dois estudantes no Guará.
Segundo o planejamento da Secretaria de Educação, a meta é ampliar o programa para 40 escolas até 2026. As novas unidades ainda estão em fase de definição, mas deverão priorizar regiões de maior vulnerabilidade social. O investimento médio por escola é de R$ 200 mil ao ano, custeando a presença de 20 a 25 militares em cada unidade.
Para o governo, o modelo alia dois eixos fundamentais: o direito a uma educação pública de qualidade e a garantia de um ambiente escolar protegido. Para as famílias, os resultados já são perceptíveis. “O que mudou foi a confiança. Eu deixo meu filho na escola sabendo que ele está bem cuidado, aprendendo e com mais perspectivas para o futuro”, resume Marcos Oliveira, pai de estudante em Ceilândia.