Parcelamento sem juros no cartão na berlinda
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Sugestão do Banco Central é que compras com crédito caia direto no parcelamento com taxa
No fim da semana passada, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campo Neto, afirmou, que a instituição está estudando o fim do crédito rotativo de cartão de crédito.Embora seja uma das modalidades de crédito mais utilizadas pelos brasileiros, ela tem juros que bateram a marca de 437,3% ao ano em junho.
O crédito rotativo é aquele em que o consumidor acaba caindo quando não consegue pagar o valor integral da fatura do cartão de crédito, ou seja, paga apenas o valor mínimo. Esse tipo de crédito tem validade de 30 dias, passado esse prazo, as instituições financeiras parcelam a dívida.
Segundo Campos Neto, em até 90 dias o BC deve apresentar uma solução para o “grande problema” que é o cartão de crédito. E para o banco a solução que está se encaminhando é o fim do rotativo, com o crédito indo direto para o parcelamento, com uma taxa ao redor de 9% ao mês. Dessa maneira, as compras feitas com parcelamentos sem juros serão extintas.
Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a solução para os bancos não pode prejudicar os consumidores nem o comércio. Ou seja, não é justo acabar com os parcelamentos sem juros com o cartão de crédito para resolver o alto endividamento da população.
Durante entrevista a jornalistas no início desta semana, Haddad não quis comentar qual seria a alternativa mais aceita pelo governo, mas disse que “o parcelado sem juros responde hoje por mais de 70% das compras feitas no comércio. Temos que ter muito cuidado para não afetar as compras do comércio e não gerar um outro problema para resolver o primeiro”, disse o ministro.
De acordo com o presidente do Bancen, um dos fatores que ajudou nesse superendividamento da população foi a facilitação do crédito e quantidade de cartões emitidos no Brasil nos últimos anos. “Os bancos, novos entrantes e varejistas acabaram usando o cartão de crédito como um instrumento de fidelizar o cliente. Então, nós saímos de cento e poucos milhões de cartões de crédito para 215 milhões de cartões de crédito num período de dois anos e meio, isso é uma alta bastante grande”, disse. “O resultante disso foi uma inadimplência no rotativo de 52%. Não tem nenhuma inadimplência, nem parecida, em nenhum outro lugar do mundo, que eu tenha olhado, no cartão de crédito”, destacou.
Até o momento, bancos e entidades financeiras ainda não apresentaram nenhuma proposta formal para resolver a questão do superendividamento da população.