sábado, abril 27, 2024
Saúde

Relacionamento abusivo gera violência doméstica

Foto: Reprodução Internet

É preciso falar sobre o tema e estar atenta aos sinais de que o relacionamento não é saudável. Palavras de desencorajamento, menosprezo pela inteligência e beleza, ameaças emocionais são alguns dos sintomas de que as coisas não vão bem

Tem pouco tempo que se fala de relacionamento abusivo, pois era bastante comum nas dinâmicas familiares, por ser considerada histórica e cultural a violência contra a mulher, acentuada pela construção patriarcal que contribui para as desigualdades de gênero.

Neste sentido, a violência contra a mulher é presente na sociedade, afetando mulheres de diferentes etnias, religiões, idades, classes sociais, escolaridade e gerações, que têm seus direitos e liberdade violados. Desde 1970 busca-se formas de dar voz a essas questões que se tornaram um problema de saúde pública, pois a violência doméstica e familiar acomete 80% das adultas, jovens, adolescentes e crianças do sexo feminino (CURITIBA, 2008).

Por esse motivo são necessários os debates, afim de prevenir e orientar vítimas que não conseguem identificar que estão vivendo uma relação abusiva.

As relações abusivas não acontecerem somente com namorados, casados, mas também nas famílias, entre amigos e até mesmo em ambientes de trabalho.

O relacionamento pode ser considerado abusivo quando uma pessoa da relação tem poder excessivo sobre o outro. As agressões psicológicas, físicas, sexuais, financeiras, morais e até mesmo humilhações, são comuns nesse contexto relacional.

Apesar das relações abusivas ocorrerem em várias configurações de relacionamentos é muito comum que ocorra entre casais. A vítima pode apresentar traços de personalidade dependente, o que fica mais intenso na convivência com o agressor. Situação mina qualquer possibilidade de fortalecimento da autoestima da vítima a deixando sempre em posição inferiorizada, aumentando sua fragilidade emocional.

Sabe-se que tanto o relacionamento abusivo quanto a violência doméstica, geram um ambiente hostil para adultos e crianças. O indivíduo que cresce em ambiente violento, está exposto e propício a desenvolver vários tipos de transtornos psicológicos como o “transtorno de personalidade dependente”, entre outros – CID 10, F60.7 – podendo desenvolver os seguintes sintomas: medo de ser abandonado; percepção de si como fraco; submissão; tendência a transferir a sua responsabilidade para outros; necessidade de receber cuidados constante.

Com a criação da Lei 11.340/06 (Maria da Penha) punições ficaram claras para aqueles que a violam. “Em briga de marido e mulher se mete a colher!”, frase usada atualmente tem encorajado e dado sensação de acolhimento e apoio as vítimas.

Em meio à pandemia da covid-19 o número de casos de violência doméstica e familiar vêm aumentando, talvez pelo excesso de convivência entre as famílias, o que é lamentável.

Recentemente foi aprovada a Lei 14.149/21, que determina o formulário de risco em casos de violência doméstica, para auxiliar os órgãos específicos para maior proteção à vítima que em sua maioria tem muito medo de denunciar por inúmeros fatores.

É importante estar atenta a frases de impacto usadas pelos abusadores: você não tem jeito; se sair não volte mais; não deixo você ir; eu não quero que você fique saindo com fulano ou beltrano; ninguém mais vai te amar como eu te amo; isso é um assunto só nosso ok?

Geralmente o abusador menospreza a capacidade, inteligência ou beleza e profere comentários de desvalorização. Mas atenção, pois quando se sentem ameaçados em perder sua vítima, fazem juras de amor, mostram-se protetores (controladores) e super apaixonados, além de prometerem se regenerar, mas geralmente não cumprem a promessa.

Caso você tenha se identificado em alguma das situações relatadas nessa matéria não hesite em procurar ajuda, seja pelo disque denúncia 180, advogado, psicólogo ou delegacia especializada, não permita que o pior aconteça. Se proteja!

“Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você”. Jean Paul Sartre

Rita Rocha
Psicóloga
CRP 01/19406