quarta-feira, dezembro 17, 2025
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Tirzepatida falsificada: um risco crescente

Foto: pikisuperstar/Freepik

Na busca por resultados rápidos e diminuir custos pacientes podem comprometer a saúde

A popularização da tirzepatida — princípio ativo de medicamentos como o Mounjaro® — impulsionou não apenas o mercado farmacêutico, mas também a produção clandestina de versões falsificadas. Reconhecida por efeitos positivos no metabolismo, no controle da glicemia e na redução da inflamação sistêmica, a substância se transformou em objeto de desejo entre pessoas que buscam emagrecimento rápido, muitas vezes sem indicação médica. “O problema não é a tirzepatida, é o uso irresponsável. O que estamos vendo é um medicamento extremamente potente sendo transformado em atalho. Isso é perigoso”, alerta o médico nutrólogo e especialista em medicina integrativa, Dr. Adriano Faustino.

Operações policiais recentes revelaram laboratórios improvisados, clínicas estéticas e influenciadores digitais envolvidos na venda ilegal do produto, cenário que expõe a dimensão econômica do mercado paralelo. Produtos falsificados podem apresentar doses incorretas, ausência do princípio ativo ou contaminação microbiana. Segundo Faustino, o risco é extremo: “A pessoa que recebe um produto fora da cadeia regulada está literalmente submetendo seu corpo a um experimento sem controle”.

Além do perigo da falsificação, o uso sem acompanhamento médico também pode comprometer a saúde de quem faz uso do medicamento original. Estudos apontam perda relevante de massa muscular e recuperação de peso predominantemente em gordura após a interrupção do tratamento, quando não há suporte nutricional e mudança de hábitos. Episódios de hipoglicemia, distúrbios gastrointestinais e falhas terapêuticas também são mais frequentes entre usuários que consomem o fármaco sem protocolo estabelecido.

Embora seu potencial seja real — com impacto positivo em condições como diabetes, doenças hepáticas, lipedema e processos inflamatórios — a tirzepatida exige critério, acompanhamento e responsabilidade. “A tirzepatida abre uma janela metabólica; se o paciente não a atravessa com dieta, sono e exercício, o remédio vira paliativo temporário”, reforça Faustino. O alerta dos especialistas é claro: a busca acelerada por resultados tem levado muitos ao risco, enquanto os benefícios reais dependem de tratamento médico e mudanças sustentáveis no estilo de vida.