sábado, novembro 9, 2024
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Número de ‘nem-nem’ no Brasil ultrapassa média mundial

Foto: Freepik

Relatório aponta falta de oportunidade de empregos permanentes e seguros e ansiedadecomo desafios

Em um cenário onde a economia global mostra sinais de recuperação após os impactos severos da pandemia de Covid-19, setores como tecnologia, indústria, bens e serviços têm impulsionado a restauração econômica e uma perspectiva de estabilização do mercado. Apesar desse quadro mais otimista, um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) – Tendências Globais de Emprego Juvenil 2024 – lança um alerta preocupante sobre a quantidade de jovens que estão fora do mercado de trabalho, de programas de educação ou treinamento, o que reflete um cenário de incerteza sobre o futuro econômico.

O relatório aponta que, em 2023, a taxa global de desemprego juvenil caiu para 13%, correspondendo a 64,9 milhões de jovens na faixa etária de 15 a 24 anos. Esse é o menor nível em 15 anos, mostrando uma redução em relação à taxa anterior à pandemia, que era de 13,8% em 2019. A expectativa é de que essa tendência de queda continue, atingindo 12,8% neste ano e no próximo. No entanto, o Brasil apresenta uma taxa de jovens “nem-nem” significativamente acima da média mundial e também superior a de países vizinhos. O percentual de jovens brasileiros que não estudam e nem trabalham foi de 20,6% em 2023, enquanto na Argentina a taxa ficou em 15%, no Chile em 15,3% e na Bolívia em 9,5%.

Além disso, o relatório destaca que os jovens enfrentam diversos desafios para alcançar o sucesso no mercado de trabalho. Em 2023, um em cada cinco jovens no mundo, ou seja, 20,4%, foi classificado como “nem-nem”, com dois terços desse grupo sendo composto por mulheres. De acordo com o relatório, a falta de oportunidades de acesso a empregos decentes continua sendo um problema crítico nas economias emergentes e em desenvolvimento. Mais de metade dos jovens que trabalham em todo o mundo estão empregados informalmente, e apenas nas economias de alta e média renda a maioria dos jovens trabalhadores tem empregos permanentes e seguros.

O relatório aponta que essa persistência de elevadas taxas de jovens fora do mercado de trabalho, educação ou treinamento, aliada ao crescimento insuficiente de empregos decentes, gera uma ansiedade crescente entre os jovens, que são considerados os mais instruídos da história. A situação é agravada pela dificuldade em obter empregos formais e pela prevalência de trabalhos temporários ou autônomos em países de baixa renda.

Gilbert F. Houngbo, diretor-geral da OIT, enfatiza a importância do trabalho decente para a estabilidade social. “Nenhum de nós pode esperar um futuro estável quando milhões de jovens ao redor do mundo não têm trabalho decente e, como resultado, estão se sentindo inseguros e incapazes de construir uma vida melhor para si e suas famílias. Sociedades pacíficas dependem de três ingredientes principais: estabilidade, inclusão e justiça social; e o trabalho decente para os jovens está no cerne de todos os três”, destacou Houngbo.

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), caso os jovens ‘nem-nem’ estivessem exercendo alguma atividade, o Brasil poderia ter aumentado R$ 46,3 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) em 2022. O número representa 0,47% da economia do país.