Alta da Selic reflete crise fiscal, dizem especialistas
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Aumento de juros vem para controlar instabilidade econômica nacional
Nesta semana, o Banco Central do Brasil anunciou a elevação da taxa Selic para 12,25% ao ano, em uma decisão que reflete os esforços para conter a persistente inflação no país. Segundo especialistas, o aumento dos juros foi uma medida amarga, mas necessária, diante do desequilíbrio fiscal prolongado e sem perspectiva de solução definitiva no horizonte. O pacote de corte de gastos anunciado pelo governo é considerado paliativo, adiando discussões importantes sobre reformas estruturais que poderiam oferecer uma resposta mais robusta para o cenário fiscal.
A alta da Selic tem impactos diretos no dia a dia dos brasileiros, tornando o crédito mais caro e afetando financiamentos, empréstimos e o consumo de bens de maior valor, como imóveis e automóveis. Pequenas e médias empresas, que dependem de crédito para investir e expandir suas atividades, também enfrentam dificuldades, comprometendo o mercado de trabalho e a geração de renda. Para as famílias, o custo mais elevado do dinheiro exige maior controle do orçamento, reduzindo o poder de compra e elevando os índices de inadimplência.
De acordo com economistas, a principal causa desse cenário é a falta de confiança na política fiscal do país. A ausência de uma solução estrutural para o controle das contas públicas gera incertezas no mercado, desestimula investimentos privados, encarece o financiamento da dívida pública e mina a confiança no crescimento econômico. Nesse contexto, a taxa Selic elevada é considerada consequência, e não a causa, do cenário fiscal desorganizado, em que o Banco Central atua como um estabilizador para evitar que a inflação saia do controle.
Especialistas alertam que, embora a Selic elevada seja eficaz no combate à inflação no curto prazo, a economia brasileira seguirá presa em um ciclo de juros altos e baixo crescimento econômico se as raízes do problema não forem enfrentadas. A solução passa por um ajuste fiscal consistente e de longo prazo, capaz de restaurar a confiança do mercado, atrair investimentos e promover um crescimento econômico sustentável, com impactos positivos para a população e o setor produtivo.