domingo, agosto 17, 2025
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Hospedagem cara pode excluir países da COP30

Foto: Antônio Cruz – Agência Brasil

Oferta de acomodações ultrapassam ajuda de custo da ONU chegando a custar U$700 por dia

A alta nos preços das acomodações em Belém, no Pará, tem gerado preocupação entre organizadores e participantes da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30), marcada para novembro. O presidente da COP, embaixador André Corrêa do Lago, alertou que os valores praticados — até 15 vezes maiores que os habituais — podem limitar a presença de representantes da sociedade civil e de países mais pobres. Durante audiência na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (6) ele relatou que até nações ricas, como a Áustria, estão recuando em sua participação por conta dos custos elevados.

Corrêa do Lago destacou que, apesar de aumentos de preços serem comuns em eventos internacionais, os valores cobrados em Belém ultrapassam o aceitável. Para ele, a situação pode comprometer a representatividade e a legitimidade das negociações climáticas, uma vez que parte significativa dos delegados depende de apoios financeiros. A ajuda de custo oferecida pela ONU é de US$ 149 por dia, mas as diárias em hotéis e imóveis particulares na cidade estão na média de US$ 700 a diária, o que inviabiliza a estadia de muitas delegações.

Como resposta, o governo federal tem buscado soluções para conter os preços abusivos. A Secretaria Extraordinária da COP30 (Secop), em parceria com o Ministério do Turismo e órgãos de defesa do consumidor, negocia com o setor hoteleiro e plataformas digitais. O plano de hospedagem inclui a reserva de 2,5 mil quartos com preços controlados, entre US$ 100 e US$ 600, destinados especialmente a países menos desenvolvidos e pequenos estados insulares. Ainda assim, o valor continua alto frente à verba disponível para muitas delegações.

Além disso, medidas estruturais estão sendo adotadas para ampliar a capacidade de hospedagem em Belém, que tradicionalmente dispõe de 18 mil leitos. Dois navios de cruzeiro com cerca de 6 mil leitos serão utilizados como hotéis temporários. Também estão em construção três hotéis de alto padrão, financiados por grupos internacionais. O governo negocia ainda com plataformas como Airbnb e Booking para cadastrar imóveis e ampliar a oferta de quartos com preços justos.

Apesar das dificuldades, Corrêa do Lago descartou qualquer possibilidade de mudança de sede do evento. “Não há plano B. O plano B é B de Belém”, afirmou, reforçando o simbolismo de realizar a COP30 em uma cidade amazônica. Para ele, a conferência deixará um legado importante de infraestrutura e investimentos sustentáveis para a capital paraense. A expectativa é receber cerca de 45 mil pessoas durante o evento.