sexta-feira, abril 26, 2024
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Aids: pandemia que tem que acabar

Foto: Reprodução / Internet

Embora haja registros de queda de novos casos e de mortes, a doença continua matando. Tratamentos oferecem melhor qualidade de vida aos infectados

Reconhecida no início da década de 1980, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) é causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). O vírus atinge o sistema imunológico do indivíduo, enfraquecendo-o e deixando a pessoa mais vulnerável ao desenvolvimento de doenças oportunistas, a principal delas, a Aids.

Na época em que a doença foi descoberta, ela causava apreensão, pois era considerada uma enfermidade aguda e que levava o indivíduo à morte em pouco tempo. Contudo, atualmente, a terapia antirretroviral oferecida aos pacientes tem possibilitado uma qualidade de vida melhor, de modo que as pessoas infectadas tenham uma vida praticamente normal. Todo tratamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Para alertar sobre a importância da prevenção, do tratamento e dos cuidados com as pessoas que convivem com a doença, foi instituído, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Dia Mundial da Luta contra a Aids, comemorado no dia 1º de dezembro.

Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, 694 mil pessoas estão em tratamento para a doença e, só em 2021, 45 mil novos pacientes iniciaram a terapia antirretroviral. Com isso, o tratamento já chega a 81% das pessoas diagnosticadas com HIV em todo o país.

Desse total, 95% já não transmite o HIV por via sexual, por terem atingido carga viral suprimida, graças ao tratamento ofertado SUS. Essa marca ultrapassa a meta das Nações Unidas, que é de 90%. “Nós temos que lembrar que um dos primeiros países a terem tratamento disponível para Aids foi o Brasil. Ele abriu portas para que todos os outros países também lutassem para terem tratamento”, afirma a representante da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil, Socorro Gross.

Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha registrado queda de 39% no número de novas infecções – de 2000 a 2019 – e de 51% nas mortes relacionadas ao HIV, a doença continua matando.

Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), divulgados pelo Boletim Epidemiológico de HIV/Aids de 2021, mostram que em 2020 foram notificados 29.917 casos de Aids no país contra 37.731 em 2019, uma queda de 20,7%. Especialistas apontam que, ainda que se observe um arrefecimento, a situação ainda preocupa já que os registros de óbitos pela doença continuam. Em 2020, foram registrados 10.417 óbitos por Aids contra 10.687 no ano anterior, uma queda de apenas 2,52%.

Em toda a série histórica, o Brasil registrou 381.793 casos notificados de HIV. Desses, 69,8% foram registrados em pessoas do sexo masculino e 30,2% do sexo feminino. Mais de 50% atingem homens e mulheres na faixa etária entre 20 e 34 anos. Além disso, 7,8 mil casos de HIV em gestantes foram notificados, o que representa uma taxa de detecção de 2,7 casos para cada mil nascidos vivos, um aumento de 30,3% na taxa de detecção em 10 anos. Ao todo, o País registrou 32.701 casos de HIV em 2020 contra 43.312 em 2019, uma redução de 10.611 casos.

Transmissão

O HIV pode ser transmitido por meio do sexo vaginal, anal ou oral sem camisinha, uso de seringa por mais de uma pessoa, por transfusão de sangue contaminado e uso de instrumentos que furam ou cortam não esterilizados. Além dessas condições, é possível que haja transmissão do vírus durante a gravidez, no parto e na amamentação.

É sempre válido ressaltar que mitos e tabus precisam ser quebrados para que haja esclarecimento. Especialistas explicam que o HIV não é transmitido por: masturbação a dois; beijo no rosto ou na boca; suor e lágrima; picada de inseto; aperto de mão ou abraço; sabonete/toalha/lençóis; talheres e copos; assento de ônibus; piscina; banheiro; doação de sangue; pelo ar.

Sintomas

Quando ocorre a infecção pelo vírus causador da aids, o sistema imunológico começa a ser atacado. E é na primeira fase, chamada de infecção aguda, que ocorre a incubação do HIV (tempo da exposição ao vírus até o surgimento dos primeiros sinais da doença). Esse período varia de três a seis semanas. E o organismo leva de 30 a 60 dias após a infecção para produzir anticorpos anti-HIV. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa despercebida.

Com o passar do tempo, as células de defesa começam a funcionar com menos eficiência até serem destruídas. O organismo fica cada vez mais fraco e vulnerável a infecções comuns. A fase sintomática inicial é caracterizada pela alta redução dos linfócitos T CD4+ (glóbulos brancos do sistema imunológico) que chegam a ficar abaixo de 200 unidades por mm³ de sangue. Em adultos saudáveis, esse valor varia entre 800 a 1.200 unidades. Os sintomas mais comuns nessa fase são: febre, diarreia, suores noturnos e emagrecimento.

A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a aids. Quem chega a essa fase, por não saber da sua infecção ou não seguir o tratamento indicado pela equipe de saúde, pode sofrer de hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmose e alguns tipos de câncer.

Tratamento

Os medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do HIV no organismo. Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico. Por isso, o uso regular dos ARV é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas.

Desde 1996, o Brasil distribui gratuitamente os ARV a todas as pessoas vivendo com HIV que necessitam de tratamento. Atualmente, existem 22 medicamentos, em 38 apresentações farmacêuticas.

Com informações do Min. da Saúde