Aumentam pedidos para reabilitação pós-covid
Foto: Divulgação-IgesDF
Atualmente cinco hospitais estão realizando esse tipo de atendimento. As reabilitações mais procuradas são física (neurologia e ortopedia) e pulmonar. Estudos mostram que até 46% dos pacientes que foram hospitalizados apresentaram sequelas como fadiga, dispneia e dor torácica
A rápida ampliação do número de infectados pelo novo coronavírus fez com que a população passasse a conviver com uma nova e triste realidade. Além da perda de familiares e amigos próximos, muitas das pessoas que contraíram o vírus passaram a lidar com sequelas e complicações, além dos problemas econômicos, sociais e até psicológicos. No DF, por exemplo, aumentou a busca por atendimento de reabilitação, tanto para física (neurologia e ortopedia), quanto para pulmonar, segundo informações do Governo do Distrito Federal enviadas à redação.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, os hospitais estão realizando reabilitação de pacientes com sequelas pós-covid. “Os pacientes com sequelas físicas/funcionais pós covid podem ser atendidos nos Ambulatórios de Saúde Funcional distribuídos em todas as Regiões de Saúde. Os pacientes com sequelas pulmonares pós covid podem ser atendidos nos ambulatórios de reabilitação pulmonar, presentes no HRAN, HRC, HRT, HUB e HBDF. O agendamento é nos próprios ambulatórios”.
Sobre a quantidade de pessoas que procuraram atendimento a pasta aponta que “o HRAN admite 6 pacientes/semana e HRT já admitiu desde a abertura 49 pacientes. Ainda não temos fila de espera”. Porém, o órgão afirma não ter gestão e controle sobre a demanda do IGES nem do HUB.
As principais sequelas relatadas pelos pacientes que buscam atendimento para reabilitação, de acordo com a pasta, são: “cansaço e dispneia aos esforços, fraqueza muscular global, sequelas neurológicas”.
Segundo o Dr. Fabiano Siqueira, mestre em Ciências da Reabilitação, estudos mostram que até 46% dos pacientes que foram hospitalizados apresentaram sequelas como fadiga, dispneia e dor torácica. “Além disso, é comum apresentar fraqueza muscular, descondicionamento cardiorrespiratório, perda de equilíbrio, distúrbios mentais, miocardite, úlceras de pressão, polineuropatia, tromboembolismo venoso, dores crônicas, dentre outras”. “Outra pesquisa realizada, incluindo agora pacientes com e sem hospitalização, e até assintomáticos, demonstrou que cerca de 60% dos infectados tiveram inflamação do miocárdio no pós-covid”.
Atendimento no Base
Uma das unidades que oferece o atendimento para pacientes graves que ficaram com sequelas da covid-19 é o Hospital de Base (HB), que é administrado pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), onde existem leitos de enfermaria exclusivos para ofertar o tratamento.
A iniciativa faz parte do Projeto de Reabilitação Pós-Covid-19, executado em parceria com o Hospital Sírio-Libanês e o Ministério da Saúde incluindo o HB. O serviço conta com equipe completa composta por enfermeiros, técnicos de enfermagem, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, psicólogos e terapeutas ocupacionais.
O serviço é voltado para os pacientes que ficaram internados no HBDF para tratamento da covid-19 e para aqueles que forem encaminhados pelo Complexo Regulador da Secretaria de Saúde do DF. É necessária indicação pelo médico, momento da alta da UTI, da continuidade de assistência para a reabilitação. O número de atendidos não foi informado pelo órgão até o fechamento desta edição.
Aumento no Sarah
Outra unidade que tem apresentado aumento no atendimento de reabilitação é a Rede Sarah Kubitschek. De acordo com a presidente do Sarah, Lúcia Willadino Braga, a procura pelo atendimento no Sarah cresceu em meio à pandemia. “Em consequência da expansão do número de infectados pelo vírus, há diariamente uma demanda adicional significativa por reabilitação de pacientes que sobreviveram à covid com sequelas graves que envolvem disfunções motora, neurológica e cognitiva”, explica.
De acordo com informações da Rede, o tratamento envolve várias terapias desenvolvidas. As nove unidades do Sarah atendem a mais de 1,5 milhão de pessoas por ano, sendo a maioria pertencente aos grupos de risco de agravamento em caso de contaminação pelo novo coronavírus. São pacientes idosos ou pessoas com lesões neurológicas graves, imunodepressão, paraplegia, tetraplegia ou com outros quadros de deficiência, além de outras comorbidades associadas, que não podem ter seus tratamentos suspensos.
A presidente do Sarah pondera que a infraestrutura de espaço e equipamentos e os recursos humanos são voltados para reabilitação, não sendo adequadas para receber pacientes para internação especializada em covid-19. Mesmo assim, a Rede tem dado a sua contribuição. “Desde o início da pandemia, temos realizado empréstimo de materiais e equipamentos para as Secretarias de Saúde estaduais e municipais de todas as unidades da federação em que a Rede tem unidade hospitalar, para auxiliar neste momento de enfrentamento da situação”, diz.