quarta-feira, julho 23, 2025
CidadesDesta semana

Capacitação para segurança em duas rodas

Projeto orienta sobre comportamento no trânsito, uso correto de equipamentos e direção defensiva

Com o crescimento das frotas de motocicletas e bicicletas no Distrito Federal, aumentam também os riscos no trânsito — especialmente para quem utiliza esses veículos como ferramenta de trabalho. Dados do Detran-DF mostram que, de 2023 para 2024, o número de motos em circulação subiu 7%, passando de 264.376 para 282.829. A consequência direta desse crescimento é sentida nas estatísticas de sinistros: os acidentes fatais com motociclistas passaram de 69 para 74 em apenas um ano.

A preocupação não se restringe às motos. Embora não haja um número oficial atualizado, estima-se que o DF tenha mais de 1,1 milhão de bicicletas em circulação. Em 2024, foram registradas 18 mortes de ciclistas em acidentes. O número é menor que o de motociclistas, mas ainda assim representa um alerta para a segurança desses condutores, que também enfrentam o trânsito intenso da capital federal, com mais de 2 milhões de veículos registrados.

Tanto motocicletas quanto bicicletas vêm sendo cada vez mais utilizadas como instrumentos de trabalho, especialmente com a popularização dos aplicativos de entrega. São veículos mais econômicos e ágeis, ideais para vencer os desafios da mobilidade urbana. No entanto, o uso profissional intensivo também aumenta a exposição ao risco, muitas vezes sem que os condutores tenham recebido qualquer tipo de formação específica.

Com o objetivo de reverter esse cenário, o Detran-DF, a Secretaria de Saúde e outros representantes do governo participaram, no último dia 15 de julho, da terceira edição do projeto “Juntos Pela Vida – Treinamento e Formação em Pilotagem para Profissionais de Entregas com Motocicletas e Bicicletas”. Pela primeira vez, o curso ofereceu uma turma voltada exclusivamente para entregadores ciclistas, batizada de Turma Bike Amarela.

“O Detran disponibiliza diversos programas educativos para a população e tem a preocupação de alcançar todos os modais”, afirma Magda Brandão, gerente de ação educativa de trânsito do órgão. “No caso dos ciclistas, buscamos orientá-los sobre como se comportar no trânsito de forma segura. A missão institucional do Detran é salvar vidas”, completa. Durante as aulas, os participantes recebem orientações sobre legislação de trânsito, regras de circulação, uso correto dos equipamentos obrigatórios e direção defensiva.

Idealizado por Abel Santos, da Associação dos Trabalhadores por Aplicativo e Motociclistas do DF e Entorno (Atam/DF), em parceria com o iFood, o projeto conta ainda com apoio do DER, da Secretaria de Saúde e da Secretaria de Transporte e Mobilidade. “Na primeira reunião já surgiram várias ideias: a importância da manutenção preventiva da bicicleta, equilíbrio, centro de massa, uso correto da faixa de pedestre e da ciclofaixa, entre outros”, detalha Abel.

Para Felipe Rocha, de 26 anos, ciclista de entregas no Plano Piloto, a iniciativa vem em boa hora para ajudar quem está começando na profissão. Há dois anos no ramo, ele conta que aprendeu sozinho a lidar com o trânsito. “No começo, eu andava na contramão, subia calçada… até perceber que isso só aumentava o perigo. Já vi colega ser atropelado por descuido”, relata.

Segundo Rafael Tartaroti, gerente de segurança viária do iFood, os efeitos das formações são visíveis. “Após as aulas, observamos que tanto ciclistas quanto motociclistas passam a ter mais cuidado no trânsito. Houve redução na velocidade praticada e maior respeito às leis, o que impacta diretamente na redução de acidentes.” Desde o ano passado, cinco turmas já foram concluídas, totalizando até 500 entregadores capacitados — inclusive uma turma formada exclusivamente por mulheres. A meta, segundo Rafael, é ampliar ainda mais o alcance dessas ações e torná-las parte da rotina de formação dos profissionais que movem as cidades.

Foto: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde DF