terça-feira, outubro 8, 2024
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Descuido com patrimônio público

Fotos: DFN

Embora haja empenho de recursos, flagrantes de depredação e despreparo na conservação de equipamentos e monumentos saltam aos olhos de quem frequenta o Parque da Cidade

O Parque da Cidade foi fundado em 1978 e é o parque mais famoso da capital federal. Ponto de encontro diário para milhares de brasilienses, estrutura é resultado do trabalho dos quatro maiores nomes da construção de Brasília. Oscar Niemeyer foi o responsável pelo projeto, o urbanismo ficou a cargo de Lúcio Costa, o paisagismo foi autoria de Burle Marx e ainda há composições de azulejos de Athos Bulcão.

O verde predominante nos 420 hectares de área faz do parque um local ideal para quem busca a natureza em meio ao concreto e o estresse do dia a dia. Mas frequentadores apontaram ao DF Notícias algumas questões a respeito da manutenção de alguns equipamentos, limpeza das áreas verdes e até mesmo a conservação de escultura doada por artista plástica da cidade para ocupar espaço em homenagem a Renato Russo.

“Sou frequentadora assídua do parque e tenho percebido que alguns pontos precisam de mais atenção. Restos de podas de árvores passam dias sem recolhimento e acabam se espalhando pelas pistas, pelas áreas verdes, chegando nas redes de águas pluviais. Outro ponto que deve ser observado são os restos de construção deixados nas áreas que passaram por reparos, situação pode causar acidentes e os entulhos são esconderijo para animais peçonhentos e insetos. Além disso os banheiros precisam de reforma, alguns estão fechados e sem condições de uso”, relata Sirlene Rodrigues.

De acordo com a Secretaria de Esporte e Lazer (SEL), responsável pela gestão do Parque da Cidade, são realizadas constantemente melhorias e reformas no espaço.

A pasta aponta que mantém uma equipe de 80 seguranças privados para realizarem ronda durante 24 horas, que ajudam a conter as constantes depredações oriundas de eventos clandestinos.

Referente aos banheiros a secretaria aponta que o projeto de reforma dos 16 banheiros do Parque, além da unidade sanitária do Parque Ana Lídia, está pronto, com recurso definido, e segue para aprovação na Caixa Econômica Federal.

Ainda segundo a secretaria, também foram reformadas 20 quadras poliesportivas, 5 quadras de tênis e 2 de beach tennis. As melhorias incluem novas pinturas, substituição de alambrados, pisos, iluminação e adequação de acessibilidade, novo sistema de drenagem, realinhamento de meios-fios de contenção de areia, construção de calçada ao redor das quadras com piso tátil e iluminação nova.

Sobre as calçadas, a pasta destaca que foram construídos novos passeios em vários pontos do Parque. As calçadas dos estacionamentos 12 e 13 foram restauradas e ganharam acessibilidade. Investimento próprio da SEL e da Novacap.

Novas lâmpadas de LED foram colocadas nas 13 quadras de futevôlei e vôlei de praia. De acordo com a SEL, o orçamento veio do contrato de manutenção dos equipamentos sob a responsabilidade da pasta no valor de R$ 1,5 milhão.

Escultura danificada

Outro apontamento é quanto uma intervenção na escultura Eduardo e Mônica, localizada na praça que homenageia Renato Russo, no Parque da Cidade. Obra é de autoria da artista plástica Mara Nunes, que em 2001 presenteou o espaço com uma escultura de 6 metros de altura feita de aço corten, tipo de material resistente que tem como característica a tonalidade vermelho-ferrugem.

A artista reclama que com a intenção de restaurar a escultura, autoridades responsáveis pela gestão do parque em 2020 permitiram a utilização de produto corrosivo o que acabou danificando a cor e textura originais da obra.

“Estamos vivendo na ignorância. No ano passado reclamei da aplicação de material corrosivo na escultura. Ação traz danos não só para a obra em si, mas para quem transita pela área e para o solo que, inevitavelmente, foi atingido pelo material tóxico. Além da agressão à obra, fui desrespeitada, já que em momento algum fui consultada sobre a revitalização da peça e quais os procedimentos adequados para a manutenção. Houve sim um pedido de desculpas, mas até agora não conseguimos remover o material aplicado e nem mesmo houve uma consulta sobre o que poderia ser feito para reverter a situação. Já até me dispus a fazer os reparos in loco”, aponta a artista plástica Mara Nunes.

Questionado quanto a situação da escultura da artista plástica, o governo, enviou nota ao DF Notícias explicando que ainda não há data para a restauração, “pois acreditamos que tenha que ser formalizado procedimento específico pela nossa Pasta (Secretaria de Cultura) para que isso ocorra”.

Ainda segundo o GDF, “não existe aparentemente nenhum produto envolvendo a obra”, e que foram empenhados na restauração a quantia de R$ 5.000 em contrapartida aos serviços da Organização da Sociedade Civil, Associação Amigos do Futuro.

Perguntados sobre previsão de restauração da obra, a assessoria respondeu que “após a revitalização na praça Eduardo e Mônica fomos procurados pela Artista Plástica Sra. Mara Nunes que apresentou a sua indignação sobre o que tinha sido feito e para resolver a situação apresentou um orçamento no importe de R$ 25.000,00 (vinte cinco mil reais) para restaurar sua obra, mas diante do alto valor não foi dado andamento ao que fora proposto”.