Energia solar é alternativa para evitar apagão
Foto: Renato Araújo – Agência Brasília
Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica defende medida e aponta que esse tipo de energia pode aliviar crise hídrica no setor elétrico e diminuir riscos de racionamento
O Brasil pode “virar a chave” na distribuição de energia solar a qualquer momento. Isso só depende da votação do Projeto de Lei nº 5.829/2019, que segue parado no Congresso Nacional, e cria o marco legal da modalidade, fortalece a diversidade e segurança de suprimento elétrico do Brasil, alivia a pressão sobre os recursos hídricos, reduz a dependência das termelétricas fósseis e da importação de energia e contribui para a redução da conta de luz de todos os consumidores.
O PL 5.829/2019, de autoria do deputado federal Silas Câmara (Republicanos) e relatoria do deputado federal Lafayette de Andrada (Republicanos), garantirá em lei o direito do consumidor de gerar e utilizar a própria eletricidade, a partir de fontes limpas e renováveis.
Segundo análise da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), “o setor pode trazer mais de R$ 139 bilhões em investimentos e gerar mais de 1 milhão de novos empregos ao Brasil com a criação do marco legal proposto pelo PL”.
“Desde 2019, a fonte solar fotovoltaica já é a opção mais competitiva do País. Ela também tem rápida implementação, seja em grandes usinas ou na geração própria em residências, pequenos negócios, propriedades rurais e prédios públicos”, aponta Rodrigo Sauaia, presidente executivo da Associação.
A entidade ressalta que a geração própria de energia solar em telhados e pequenos terrenos é hoje uma importante ferramenta para reduzir a demanda por eletricidade no País, sobretudo nos horários de pico, entre 11h e 18h. A tecnologia é estratégica no atual cenário de crise hídrica enfrentada pelo Brasil.
“O aumento do risco de racionamento levou o Governo Federal a acionar todas as termelétricas fósseis disponíveis no País, mais caras, poluentes e que têm elevado a conta de luz dos brasileiros com a bandeira vermelha, agora no seu nível mais elevado e caro, o patamar 2. Adicionalmente, o Brasil ficou mais dependente dos países vizinhos, pois passou a importar energia elétrica não apenas do Paraguai, mas também da Argentina e do Uruguai, pagando caro pela energia gerada fora do território nacional”, aponta a ABSOLAR.
De acordo com Sauaia “metade de toda a capacidade da geração própria de energia solar do Brasil foi instalada em 2020, com investimentos diretos dos consumidores e da sociedade, sem depender de recursos do governo. Isso demonstra a agilidade e resiliência desta modalidade, que está ajudando muito o Brasil em plena situação de crise hídrica, pois gera uma energia elétrica competitiva, sustentável e que não depende de água”.
O engenheiro Marcos Felippe aponta que: “É uma energia que utiliza o sol, que é uma fonte natural ilimitada, ao invés da água. As hidrelétricas necessitam de um certo nível de água e mudança no curso de rios etc. O único ponto negativo da energia fotovoltaica é o valor, considerado alto, para instalação. Quem sabe esse PL possa facilitar isso”.
Matriz no DF
A geração própria de energia solar já está presente em 5.257 municípios e em todos os estados brasileiros. Entre os cinco municípios líderes estão Cuiabá (MT), Brasília (DF), Teresina (PI), Uberlândia (MG) e Rio de Janeiro (RJ), respectivamente.
No Distrito Federal, o Governo local, aponta que está “ciente dos problemas causados pelas mudanças climáticas, e deste modo elaborou o Planejamento Estratégico do Distrito Federal – 2019 a 2060 como forma de promover o desenvolvimento do DF e por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA/DF, construiu um eixo específico nesse planejamento para os cuidados ambientais.”
“Dentre os blocos que compõem o eixo ambiental, está o que lida com a matriz energética. Atualmente a matriz energética do DF tem seu abastecimento quase total oriundo de hidrelétricas, diante disso um estímulo ao uso da energia solar fotovoltaica é bem-vindo, uma vez que ajuda na diversificação da matriz energética do DF e também auxilia na descarbonificação da nossa matriz”, apontam.
O governo afirma ainda que, para alcançar o objetivo de ampliação da utilização da energia solar fotovoltaica, a SEMA/DF, por meio do Projeto CITinova, financiado com recursos do Global Environment Facility – GEF, desenvolveu ações que vão fomentar o desenvolvimento desse mercado no Distrito Federal.
Consumidores
Em números de unidades consumidoras usando geração própria de energia solar, os consumidores residenciais estão no topo da lista, representando 75,0% do total. Em seguida, aparecem consumidores dos setores de comércio e serviços (15,4%), produtores rurais (7,0%), indústrias (2,3%), poder público (0,4%) e outros tipos, como serviços públicos (0,02%) e iluminação pública (0,01%).