Novos padrões para cirurgia bariátrica
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Procedimento é uma das principais possibilidades para reverter problemas causados pela obesidade
A cirurgia bariátrica é considerada uma das formas mais eficazes de tratar a obesidade grave e suas inúmeras complicações. Mais do que promover o emagrecimento, o procedimento pode melhorar ou até reverter doenças associadas ao excesso de peso, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, colesterol alterado, apneia do sono e artrose. Segundo o cirurgião Eduardo Martins Lara, a intervenção traz benefícios significativos para a qualidade de vida e a expectativa de vida dos pacientes, além de impulsionar a autoestima. No entanto, ele ressalta que a bariátrica não é uma solução estética ou imediata, e sim um tratamento sério para uma doença crônica, que exige mudanças duradouras nos hábitos de vida.
Em maio de 2025, o Conselho Federal de Medicina atualizou as diretrizes para o procedimento com a Resolução nº 2.429/2025, ampliando o perfil de quem pode se beneficiar da cirurgia. Pacientes com obesidade grau I (IMC entre 30 e 34,9), desde que apresentem doenças associadas como diabetes tipo 2 ou apneia do sono, agora também podem ser candidatos ao procedimento, o que antes não era permitido. As novas regras também permitem a cirurgia em adolescentes a partir de 14 anos e em idosos acima de 65, desde que avaliado o risco-benefício. A medida amplia o acesso ao tratamento e reconhece a obesidade como um problema de saúde pública que exige resposta mais abrangente.
Mesmo com os avanços, o número de cirurgias ainda é pequeno frente à quantidade de pessoas com indicação para o procedimento. Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica mostram que, entre 2020 e 2024, foram realizadas cerca de 292 mil cirurgias no Brasil — a maioria via planos de saúde. No entanto, isso representa apenas 1% do público que poderia se beneficiar da intervenção. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 34% da população brasileira está obesa, com 4,63% apresentando obesidade grau III, o que reforça a urgência de políticas públicas voltadas à prevenção, diagnóstico precoce e tratamento eficaz dessa condição.