domingo, maio 12, 2024
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Ricos e pobres encaram endividamento

Ilustração: rawpixel.com/freepik

Dívidas são preocupações que atingem os dois extremos sociais no país

Dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), na última quarta-feira (8) revelam que o número de famílias endividadas aumentou nos dois extremos sociais, tanto entre as que têm menores rendimentos quanto as que ganham mais de dez salários mínimos.

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de janeiro de 2023 revela que 79,2% das famílias com renda até três salários mínimos estavam endividadas, número maior do que o índice geral, que ficou em 78% (mesmo valor de dezembro). 

Entre as famílias com renda maior que dez salários mínimos, 74,4% afirma que tem dívidas a vencer como, cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa.

Em comparação com o mesmo período de 2022, a parcela de famílias com dívidas cresceu mais nos dois extremos sociais considerados na Peic: entre as famílias com até 3 salários mínimos (+2,7%) e no grupo com mais de 10 salários mínimos (+3,2%).

A economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, conta que o nível geral de endividamento vem perdendo fôlego desde novembro. Embora a proporção de famílias com dívidas tenha avançado 1,9 ponto percentual, a taxa anual está em desaceleração contínua desde meados de 2022. 

“O cenário econômico como um todo, incluindo o desempenho positivo do mercado de trabalho, as políticas de transferência de renda e a inflação mais moderada são fatores que explicam o freio no endividamento, nos últimos meses”, explica ela. “Na prática, essas três condições ampliaram a renda disponível”, avalia a economista.

Inadimplência

As famílias com até três salários mínimos foram as que mais atrasaram dívidas em janeiro (38,7% do total, ou 4 em cada 10). Esse número é bem menor nas faixas de renda seguintes: de 3 a 5 salários (27,2%); de 5 a 10 salários (20,4%); acima de 10 salários (13,5%).

Além disso, o relatório aponta que as famílias com até três salários são as que comprometem mais renda com dívidas entre as quatro faixas pesquisadas: estes consumidores precisaram de 31,6% de seu orçamento para pagar dívidas em janeiro, menos do que em dezembro (-0,4 p.p.), porém mais do que em janeiro do ano passado (+0,6 p.p.). A proporção é, inclusive, maior do que a média nacional.