Então é Natal!
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Psicóloga lembra da longa trajetória entre o Natal passado, com o distanciamento social, e este, que chega cheio de marcas, mas ao mesmo tempo cheio de esperanças
Após quase dois anos de pandemia e todas as restrições necessárias para conter o avanço da covid-19, pela primeira vez, estaremos comemorando o Natal de forma mais “tranquila”. Há uma espera positiva de poder reunir familiares e amigos num reencontro cheio de expectativas de reviver e comemorar esta data de tanto significado para o povo brasileiro.
O Natal é um dos poucos costumes comemorados no mundo inteiro, mesmo em alguns países que não têm cultura cristã. Embora os rituais sejam diferentes em cada nação, no Brasil e nos países ocidentais o Natal é símbolo de união familiar, comidas gostosas, troca de presentes, mensagens para os amigos e muita esperança.
Esse ano, não se pode negar que exista uma expectativa maior em relação às festas de fim de ano. Esses eventos podem ser as oportunidades para que muitos deixem de lado o desânimo e a visão negativa do atual momento e ter um olhar mais positivo, de confiança no recomeço, e assim ter a oportunidade de reacender a chama do entusiasmo.
A falta de contato social foi uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos brasileiros no período de isolamento social imposto pela pandemia de covid-19. A saudade da convivência com os familiares e amigos trouxe tristeza e solidão para a vida de muitos cidadãos.
No momento atual, o avanço da vacinação no Brasil e a diminuição das medidas de restrição estão incentivando um maior contato social. As pessoas estão se sentindo mais seguras para sair de casa e investir na interação, embora ainda seja necessária uma série de cuidados sanitários para evitar o contágio. Ainda assim, temos a oportunidade de comemorar o Natal de forma menos solitária.
É claro que nem tudo é festa, não podemos esquecer das famílias enlutadas, que antes tinham entes queridos nas celebrações partilhadas por todos e que precisam enfrentar a finitude humana, o que não é uma tarefa simples para ninguém.
Muitos filhos passarão o Natal sem os pais e muitos pais sem os filhos, essas datas comemorativas podem significar para essas pessoas, momentos melancólicos e solitários. A saudade dos entes amados e a dor do luto podem contribuir para momentos de reflexão e tristeza.
Para muitos enlutados a aproximação das festas pode ser um momento muito delicado e estressante, que muitas vezes pode levar a uma piora nos quadros de depressão e ansiedade. Por isso é importante respeitar o tempo e os limites de cada um, sem comparação com o tempo de outras pessoas também em luto.
Não se veja obrigado a participar das celebrações se não se sentir bem com isso. O seu sofrimento deve ser acolhido e compreendido, embora outros tenham apenas motivos para comemorar. E se não conseguir retomar à vida após o luto, procure ajuda profissional.
Muitos vão preferir ficar sozinhos, outros estar juntos em família para comemorar não só o nascimento de Jesus Cristo, mas celebrar a vida, a oportunidade de estar bem e com saúde depois de tudo o que foi enfrentado, de terem sobrevivido!
E ainda que tenhamos desemprego, dívidas e a iminência de ter que lidar com mais uma variante da covid-19, não podemos perder a esperança, nem a fé de que o ano de 2022 vai ser muito melhor do que o ano de 2021!
Lembrando que embora a pandemia tenha trazido dores profundas e perdas Irreparáveis, ela nos trouxe também novas estratégias para lidar com a vida e com a ilusão de que tínhamos algum controle sobre ela. Em meio ao sofrimento, aprendemos sobre o valor das pessoas que amamos, como nossos pais e irmãos, sobre o que é realmente importante e essencial para ser feliz.
A experiência de enfrentar essa pandemia deixou mais evidente a nossa capacidade de nos reinventar, de nos readaptar para sobrevivermos, e isso é uma característica que nos faz tão especiais.
Por isso tudo que aprendemos nos últimos tempos, aproveite essa data para estar junto de quem você ama, deixe de lado as diferenças! Abrace mais! Seja mais flexível! Seja mais compreensivo! Seja uma versão melhor de si mesmo e tenha o melhor Natal da sua vida, mesmo que a saudade o faça chorar.
Simone Andrade – Psicóloga CRP-01/24582