Maioria dos brasileiros já comprou por impulso
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Comportamento é reflexo de falta de controle emocional e planejamento financeiro, diz especialista
Um levantamento recente da Serasa revelou um dado preocupante: cerca de 7 em cada 10 consumidores já realizaram compras de forma não planejada, e 72% desses consumidores se arrependeram dos produtos adquiridos após a compra.
Esse comportamento impulsivo, muitas vezes motivado por emoções momentâneas ou campanhas de marketing, pode ter consequências negativas para a saúde financeira dos consumidores. Segundo André Minucci, consultor empresarial, a prática de compras não planejadas é um reflexo de uma falta de controle emocional e planejamento financeiro.
“Muitos consumidores agem por impulso, buscando satisfação imediata, mas acabam se arrependendo quando percebem que a compra não era realmente necessária ou que o dinheiro poderia ter sido melhor utilizado,” afirma. Ele ressalta que a falta de planejamento é um dos principais fatores que levam ao endividamento e à instabilidade financeira.
Ana (nome fictício) conta as frustrações que enfrenta por fazer comprar por impulso. “Sou uma pessoa que ama fazer compras. Não tenho nicho específico. Compro de itens de beleza a utensílios para casa. Meus armários estão cheios de objetos, roupas e produtos que ainda sequer tirei da embalagem. Sempre que vejo uma promoção aproveito, porque penso que seja uma chance única para adquirir aquele produto por aquele preço. Mas algumas vezes percebo que exagerei e que aquilo não me serve, ou que não gostei, daí já tarde demais”, relata.
O estudo da Serasa também apontou que 33% dos brasileiros afirmam que sua renda não é suficiente para pagar todas as despesas do mês. Esse aspecto dificulta ainda mais a gestão financeira, tornando os consumidores vulneráveis a decisões impulsivas. Quando a renda é limitada, a margem para erros financeiros é mínima, e qualquer gasto desnecessário pode comprometer o orçamento mensal.
Além disso, a sensação de insatisfação após a compra pode levar a um ciclo vicioso, onde o consumidor tenta compensar o arrependimento com novas compras, agravando ainda mais sua situação financeira. Isso demonstra a importância de uma mudança de comportamento e a adoção de práticas de consumo mais conscientes.
Para Minucci, é importante que as pessoas busquem apoio para desenvolver habilidades emocionais e financeiras na intenção de controlar impulsos e fazer planejamentos de gastos. “Treinamentos que abordam o planejamento financeiro, o controle emocional e a tomada de decisões podem ser transformadores”, diz André.
Para o especialista, “o autoconhecimento é essencial para evitar compras impulsivas. Ao compreender suas emoções e identificar os gatilhos que levam ao consumo desenfreado, a pessoa pode tomar decisões mais racionais e alinhadas com seus objetivos financeiros.”
Minucci conclui afirmando que o segredo para evitar o arrependimento após uma compra está em alinhar as decisões de consumo com os valores e objetivos pessoais. “Antes de realizar uma compra, pergunte-se se aquele item é realmente necessário e se ele contribui para o seu bem-estar a longo prazo,” sugere.