sexta-feira, abril 19, 2024
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Tristeza X Depressão

Foto: Reprodução

Em tempos sombrios com tantas notícias de morte, dificilmente não nos sentimos tristes ou até mesmo de luto pelas vítimas da pandemia. Fato que afeta diretamente a saúde mental de toda a sociedade, sendo importante elucidar a diferença entre tristeza e depressão.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, ou seja, biopsicossocial, não apenas como ausência de doenças.

Você sabe diferenciar depressão de tristeza?

A tristeza é uma emoção que geralmente tem curto tempo de duração, assim como as outras quatro emoções primárias (alegria, raiva, nojo e medo), a pessoa consegue explicar a causa ou motivo. Não leva o indivíduo a incapacidade. O estado emocional de tristeza pode ser modificado com mudança de atividade como um passeio, um alimento ou até mesmo a companhia de uma pessoa agradável.
Porém, o mesmo não é possível em um episódio depressivo, podendo deixar o indivíduo incapacitado para várias áreas da vida, inclusive para o trabalho. Fatores como: ambiental na infância (experiências adversas); afetividade negativa (neuroticismo); questões genéticos/biológicos também podem constituir um conjunto de fatores de risco potenciais para o estabelecimento do transtorno depressivo que é classificado em transtorno disruptivo da desregulação do humor; transtorno depressivo maior; transtorno depressivo persistente (distimia); transtorno disfórico pré-menstrual; transtorno depressivo induzido por substância/ medicamento.
De acordo com o DSM-V- Manual Diagnóstico de Transtornos mentais, existem nove sintomas, sendo necessário apresentar pelo menos cinco desses com duração de no mínimo duas semanas para diagnóstico, são eles:
•Humor deprimido a maior parte do dia;
•Prazer diminuído (anedonia);
•Perda ou ganho de peso;
•Falta ou excesso de sono;
•Questões psicomotoras, agitação ou lentidão dos movimentos;
•Fadiga;
•Falta de concentração;
•Sentimento de culpa;
•Pensamentos suicidas ou de morte.
Caso o indivíduo apresente cinco desses nove sintomas não deve hesitar em procurar ajuda profissional, para iniciar o tratamento que geralmente inclui psicoterapia e antidepressivo, prescrito pelo psiquiatra.

Infelizmente a depressão ainda é um assunto tabu e negligenciado pela sociedade, ela inclui não só tristeza, mas também angústia, baixa autoestima, apatia, choro fácil e pensamentos negativos. A pessoa tem dificuldade de fazer atividades cotidianas como se relacionar com os outros, se alimentar e manter cuidados pessoais.
Depressão é doença e quando não tratada pode levar à morte, pois o risco de comportamento suicida existe permanentemente durante os episódios depressivos. O risco é maior para o sexo masculino, solteiros ou que vivem sozinho, portanto a rede de apoio é imprescindível. Estima-se que 15% das pessoas deprimidas sem tratamento cometem o suicídio.
O percentual de brasileiros que declara ter recebido diagnóstico de depressão por profissional de saúde mental subiu 34,2% em seis anos, mostram dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2019. A PNS (Pesquisa Nacional de Saúde), em 2019 aponta que 10,2% (16,3 milhões) das pessoas com mais de 18 anos sofrem da doença. Um dos dados apontados pelo IBGE na PNS merece atenção: mais da metade (52%) dos brasileiros que afirmaram ter diagnóstico de depressão não faziam uso de medicação. Apenas 18,9% faziam psicoterapia.
Se você se identificou com os sintomas descritos ou tem alguém próximo em tal situação, não hesite em procurar ajuda de um profissional de saúde mental. Depressão mata!

Rita Rocha – Psicóloga
CRP 01/19406

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