Tristeza X Depressão
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Em tempos sombrios com tantas notícias de morte, dificilmente não nos sentimos tristes ou até mesmo de luto pelas vítimas da pandemia. Fato que afeta diretamente a saúde mental de toda a sociedade, sendo importante elucidar a diferença entre tristeza e depressão.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, ou seja, biopsicossocial, não apenas como ausência de doenças.
Você sabe diferenciar depressão de tristeza?
A tristeza é uma emoção que geralmente tem curto tempo de duração, assim como as outras quatro emoções primárias (alegria, raiva, nojo e medo), a pessoa consegue explicar a causa ou motivo. Não leva o indivíduo a incapacidade. O estado emocional de tristeza pode ser modificado com mudança de atividade como um passeio, um alimento ou até mesmo a companhia de uma pessoa agradável.
Porém, o mesmo não é possível em um episódio depressivo, podendo deixar o indivíduo incapacitado para várias áreas da vida, inclusive para o trabalho. Fatores como: ambiental na infância (experiências adversas); afetividade negativa (neuroticismo); questões genéticos/biológicos também podem constituir um conjunto de fatores de risco potenciais para o estabelecimento do transtorno depressivo que é classificado em transtorno disruptivo da desregulação do humor; transtorno depressivo maior; transtorno depressivo persistente (distimia); transtorno disfórico pré-menstrual; transtorno depressivo induzido por substância/ medicamento.
De acordo com o DSM-V- Manual Diagnóstico de Transtornos mentais, existem nove sintomas, sendo necessário apresentar pelo menos cinco desses com duração de no mínimo duas semanas para diagnóstico, são eles:
•Humor deprimido a maior parte do dia;
•Prazer diminuído (anedonia);
•Perda ou ganho de peso;
•Falta ou excesso de sono;
•Questões psicomotoras, agitação ou lentidão dos movimentos;
•Fadiga;
•Falta de concentração;
•Sentimento de culpa;
•Pensamentos suicidas ou de morte.
Caso o indivíduo apresente cinco desses nove sintomas não deve hesitar em procurar ajuda profissional, para iniciar o tratamento que geralmente inclui psicoterapia e antidepressivo, prescrito pelo psiquiatra.
Infelizmente a depressão ainda é um assunto tabu e negligenciado pela sociedade, ela inclui não só tristeza, mas também angústia, baixa autoestima, apatia, choro fácil e pensamentos negativos. A pessoa tem dificuldade de fazer atividades cotidianas como se relacionar com os outros, se alimentar e manter cuidados pessoais.
Depressão é doença e quando não tratada pode levar à morte, pois o risco de comportamento suicida existe permanentemente durante os episódios depressivos. O risco é maior para o sexo masculino, solteiros ou que vivem sozinho, portanto a rede de apoio é imprescindível. Estima-se que 15% das pessoas deprimidas sem tratamento cometem o suicídio.
O percentual de brasileiros que declara ter recebido diagnóstico de depressão por profissional de saúde mental subiu 34,2% em seis anos, mostram dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2019. A PNS (Pesquisa Nacional de Saúde), em 2019 aponta que 10,2% (16,3 milhões) das pessoas com mais de 18 anos sofrem da doença. Um dos dados apontados pelo IBGE na PNS merece atenção: mais da metade (52%) dos brasileiros que afirmaram ter diagnóstico de depressão não faziam uso de medicação. Apenas 18,9% faziam psicoterapia.
Se você se identificou com os sintomas descritos ou tem alguém próximo em tal situação, não hesite em procurar ajuda de um profissional de saúde mental. Depressão mata!