sexta-feira, abril 26, 2024
Desta semanaSaúde

Pré-Natal Psicológico na prevenção da depressão pós-parto

As abordagens geralmente tratam de desmistificação da maternidade, representação social da maternidade, mudanças na autoimagem corporal, expectativas em relação ao filho, entre outros aspectos

Quando olhamos uma mulher gestante, dificilmente imaginamos que ela possa estar passando ou poderá passar por um processo depressivo, principalmente no pós-parto, pois a chegada de uma criança representa esperança, festa e muita expectativa.
Após a gestação pode ocorrer o baby blues ou tristeza materna por diversos motivos. Oito em cada dez mulheres apresenta sintoma que surge até quinze dias após o nascimento do bebê e tem duração de uma a duas semanas.
A alteração emocional conhecida pelas mães, caracteriza-se pelo sentimento de tristeza, choro fácil, fadiga, preocupação excessiva com a amamentação e saúde do bebê. Pode ocorrer dificuldade de concentração e memória, mas não chega a incapacitar para as tarefas de mãe. O baby blues é uma condição benigna que tem curta duração, não necessitando de tratamento medicamentoso, pois cede espontaneamente (Rocha, 1999).
Já a depressão pós-parto é caracterizada por sintomas semelhantes a um transtorno depressivo maior, classificado no DSM-V. Inicia nos primeiros doze meses após o parto, apresentando tristeza profunda, perda da autoestima e da motivação é incapacitante e geralmente requer tratamento com antidepressivo e psicoterapia (Rocha, 1999). Auto-recriminação por não estarem felizes com a experiência da maternidade pode ocorrer na depressão pós-parto.
Mas por que a depressão ocorre durante o ciclo gravídico puerperal?
Durante e após a gestação há inúmeros fatores de riscos e de proteção segundo Alessandra Arrais, autora da abordagem pré-natal psicológico, validado em estudos no seu doutorado. Sabemos ainda que devemos levar em consideração a personalidade e as vivências da mãe em questão.
Entre os fatores de risco estão: gestantes solteiras ou adolescentes; falta de apoio da família ou do pai da criança; histórico familiar de depressão; gravidez não desejada; suporte social fraco (rede de apoio) e eventos negativos na gravidez.
Por outro lado há fatores de proteção: expectativa de sucesso no futuro; otimismo; autonomia; tolerância ao sofrimento; assertividade; estabilidade emocional; habilidades para resolver problemas e boa autoestima.
O Pré-Natal Psicológico tem como objetivo auxiliar na preparação para a maternidade e a paternidade, fase favorável à instalação de sentimentos que podem dificultar a experiência saudável do ciclo gravídico-puerperal (Bortoletti , 2007; Cabral , Martins e Arrais , 2012). Por consequência, o PNP pode reduzir os riscos de depressão pós- parto.
Os temas geralmente trabalhados nas sessões são: desmistificação da maternidade e paternidade; representação social da maternidade; sexualidade na gravidez e no pós-parto; mudanças na autoimagem corporal; expectativas em relação ao filho; intercorrências na gestação; tipos de parto; medos: dor, laceração, morte; parto escolhido; acompanhante na sala de parto; amamentação; estados emocionais no pós-parto; distúrbios emocionais do puerpério; trabalho X maternidade; o papel dos pais e avós. Além disso, inclui orientações e esclarecimentos quanto aos cuidados e aspectos do desenvolvimento do primeiro ano de vida do bebê e o desconhecimento gera ansiedade e insegurança.
Os estudos do método Pré-natal Psicológico modelo Arrais mostram que não basta que a gestante seja submetida ao processo psicoterapêutico, mas haja um método para apoiá-la nas vivências gestacionais de maneira preventiva e ativa.
Então se você está gestante e se identificou com situações ou sintomas descritos, procure ajuda profissional.

Rita Rocha
Psicóloga
CRP 01/19406