Vazamentos de água controlados por satélite
Foto: Marco Peixoto / Caesb
A Caesb adotou nova tecnologia que traz mais precisão na identificação de vazamentos de água visíveis e não visíveis presentes no sistema de abastecimento do DF
Pesquisa divulgada pelo Instituto Trata Brasil, divulgada em junho de 2021, traz informações de que no Brasil, quase 40% (39,2%) de toda água potável não chega de forma oficial às residências do país, o que representa perder um volume equivalente a 7,5 mil piscinas olímpicas de água tratada, desperdiçada diariamente.
De acordo com o levantamento, pode-se considerar que cerca de 60% deste volume são perdas físicas por vazamentos.
Referente ao Distrito Federal, os dados apontam que nos últimos cinco anos a região vem diminuindo as perdas de água na distribuição. Em 2015, o DF apresentou índice de 35,19% de perdas de água, enquanto em 2019 foi registrada uma perda de 32,10%.
Esses resultados são alcançados pelos investimentos feitos pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), como o combate de ligações irregulares, modernização do sistema e busca de alternativas para minimizar o desperdício de água ocasionado por vazamentos.
Na última semana, a Companhia apresentou mais uma ferramenta que auxiliará na busca por vazamentos visíveis e não visíveis nas redes de água do DF. De acordo com a Caesb, o projeto consiste em pesquisar vazamentos por imagem de satélite, gerando maior eficiência e otimização dos recursos.
A implantação do sistema é resultado de uma parceria entre a Caesb, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a empresa israelense Asterra.
A Companhia explica que, por meio de satélite, é feito o mapeamento de uma área de interesse, que chega até três mil Km². O espectro do radar é capaz de penetrar quatro metros de profundidade no solo, abrangendo quase a totalidade das profundidades de redes nas áreas urbanas, onde é detectada a mistura de solo com água tratada.
A partir de um algoritmo patenteado, a Asterra, que é detentora da tecnologia e possui mais de 250 projetos realizados, filtra os sinais de água tratada misturada ao solo e faz o cruzamento com a rede de distribuição georreferenciada da Caesb. Isso gera pontos de interesse (POIs), que possuem raio de abrangência de aproximadamente 50 metros.
Com os POIs delimitados, a equipe de pesquisa de vazamentos da Caesb concentrará seus trabalhos nestas áreas, aumentando a produtividade e otimizando recursos. Em linhas gerais, mais vazamentos serão encontrados por dia com o uso desta tecnologia.
O gerente de Gestão de Perdas da Caesb, Elton Gonçalves, explica que mesmo não eliminando a pesquisa de vazamentos de água tradicional, que faz uso de haste de escuta e geofone eletrônico, espera-se que a nova tecnologia reduza em até cinco vezes a área que seria pesquisada com a metodologia tradicional.
“O uso de satélite deve reduzir significativamente o trabalho em campo, os vazamentos poderão ser identificados antes de aflorar, reduzindo o potencial de danos, além da tecnologia não ser afetada pelo clima, uma vez que pode ser usada com céu limpo ou nublado, de dia ou à noite”, explica.
Investimentos
Para que a essa tecnologia fosse aplicada aqui do Distrito Federal, o BID disponibilizou U$ 100 mil. Os recursos serão implementados na pesquisa de três mil quilômetros de redes de água tratada, em onze localidades específicas, englobando aproximadamente 320 mil ligações. Em termos de extensão, o projeto abrangerá 36% de toda a rede de água da Caesb e 50% das ligações.
A Caesb já realizou o projeto piloto de Pesquisa de Vazamento de Água por Satélite no Gama. A próxima região administrativa a receber o projeto será a Candangolândia. A gerente de Operação de Redes Centro-Norte, Tattiane Batista Soares, explica que as equipes da Caesb estarão na região nos meses de dezembro e janeiro.
Metodologia
Primeiro, as equipes percorrerão as quadras, distribuindo panfleto da Caesb e informando sobre ações na região. “Esta fase terá foco nos vazamentos visíveis e no registro dos serviços executados entre a passagem dos satélites e o início das pesquisas, que ocorreram entre agosto e setembro deste ano. Posteriormente, será realizada pesquisa de vazamentos não visíveis com hastes de escuta e geofones eletrônicos nos cavaletes de ligação, ramais e componentes da rede de distribuição de água. Quando não houver acesso ao imóvel, será deixado panfleto solicitando contato para agendamento da pesquisa”, esclarece Tattiane.
Depois dos trabalhos de pesquisa e da retirada dos vazamentos, novos levantamentos serão feitos para estudo do ganho no volume recuperado, apresentando o impacto na redução das perdas de água e de análise da tecnologia de pesquisa por satélite. Este deverá ser o modelo empregado para a continuidade da pesquisa para as demais áreas da Caesb.
O diretor de Operação e Manutenção da Caesb, Carlos Eduardo Pereira, afirma que a Companhia busca dar mais eficiência e eficácia aos recursos disponíveis e otimizar seus contratos de prestação de serviços. “O uso de imagens de satélites na potencialização do trabalho de campo para a pesquisa de vazamentos de água nas redes de distribuição pode representar uma economia significativa de recursos e de tempo de ação, colaborando com a melhoria na qualidade de nossos serviços à população do DF”, conclui o diretor.