Desejo excessivo de ficar na cama pode ser transtorno
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Distúrbio está ligado diretamente à ansiedade, mas pode estar associado a outras questões mentais
Ficar na cama, para muitos, é sinônimo de descanso, relaxamento, reposição de energiae até mesmo “curtir uma preguiça” de vez em quando. Por outro lado, há pessoas que sofrem com a Clinomania: a chamada “obsessão pelo sono”.
Por falta de conhecimento e de informação, infelizmente pessoas acometidas pelo transtorno são rotuladas de preguiçosas, molengas e que estão de vadiagem. Porém aDra. Andréa Ladislau, psicanalista, explica que fenômeno.
A especialista esclarece que a Clinomania, também conhecida como Clinofilia, consiste em uma obsessão ou uma necessidade extrema de permanecer na cama por muitas horas ao dia, sem uma causa orgânica (doença ou medicamento) para explicá-la.
“Trata-se de um transtorno de ansiedade em que o principal sintoma é um desejo irreprimível de querer ficar deitado, sem ânimo algum para realizar qualquer atividade, ou mesmo interagir com outras pessoas”, define a psicanalista.
Segundo a profissional, a realidade é que muitas pessoas gostam de ficar na cama, seja logo ao acordar (aqueles “mais cinco minutos”), durante uma soneca ou quando vão dormir. Isso é bastante comum e não precisa ser um problema.
No entanto, esse sintoma gera desconforto e tristeza, além de outros sintomas, e todos eles acabam interferindo de forma significativa na vida de quem sofre desse transtorno, visto que, no caso da Clinomania a vontade de ficar na cama acaba se tornando uma obsessão. A preocupação aqui é real, quando de fato, o período na cama se torna muito intenso, por mais horas do que o normal, prejudicando o dia a dia e o funcionamento saudável do indivíduo.
“Um exemplo seria chegar atrasado ao trabalho vários dias seguidos por esse motivo; parar de cuidar dos filhos; queimar o jantar; faltar ou se atrasar para aulas; deixar de socializar e etc. Porém, para ser classificado como um sofrimento por Clinomania, a intensidade e incidência devem ser contínuas e elevadas”, destaca Andréa.
Segundo a especialista, os sintomas psicológicos da Clinomania são variados, como: sentimento de culpa, pelo fato de se querer ficar tantas horas na cama, gerando a sensação de inutilidade; sentimento de solidão e incompreensão, onde a pessoa deixa de fazer as coisas e de interagir com outras pessoas, gerando mais apatia e um sentimento profundo de incompreensão e solidão; e isolamento social.
Para Andréa, esses sinais demonstram a necessidade de uma maior atenção ao que possa estar acontecendo. “Uma bandeira vermelha que nos diz que, realmente, temos um problema com a Clinomania”, ressalta.
A psicanalista afirma que a Clinomania é, por si só, um transtorno de ansiedade. No entanto, também é verdade que, frequentemente, está associada a outros transtornos mentais característicos, como a depressão.
“Essa obsessão por ficar na cama e todo esse excesso pode ser prejudicial, já que a Clinomania faz sofrer e requer auxílio profissional. A condição clínica não é preguiça e, certamente, está aliada a autoestima baixa, falta de amor próprio e de ânimo, entre outros estímulos negativos que impedem o reconhecimento de que há um desequilíbrio”, finaliza Andréa.