segunda-feira, novembro 17, 2025
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Mutirão do HRT completa 10 anos reconstruindo vidas

Foto: Wilter Moreira/ Gab. Jorge Vianna

Na edição deste ano, foram mais de 50 cirurgias e procedimentos de dermopigmentação, envolvendo cerca de 60 voluntários

Há dez anos, o Hospital Regional de Taguatinga (HRT) transforma dor em recomeço. O Mutirão de Reconstrução Mamária, realizado anualmente durante o Outubro Rosa, chega à sua décima edição reafirmando um compromisso que vai além da medicina: devolver autoestima, dignidade e confiança a mulheres que enfrentaram o câncer de mama. A iniciativa, que se tornou referência no Distrito Federal, mobiliza dezenas de profissionais e simboliza a força da rede pública em ações humanizadas de saúde.

Nesta edição comemorativa, foram 38 cirurgias e 20 procedimentos de dermopigmentação — técnica que reconstrói a aréola por meio de tatuagem. A força-tarefa reuniu cerca de 60 profissionais, entre médicos, anestesistas, enfermeiros, técnicos e tatuadores voluntários. A união de esforços é o que faz o mutirão ir além do ato cirúrgico, transformando o hospital em um verdadeiro espaço de acolhimento e solidariedade.

Para o oncologista Gustavo Ribas, da Secretaria de Saúde do DF, o mutirão cumpre um papel essencial na garantia dos direitos das mulheres mastectomizadas. Ele lembra que a reconstrução mamária é um direito assegurado por lei, mas que iniciativas como essa aceleram o acesso e fortalecem a reabilitação integral da paciente. “Mais do que uma cirurgia, é uma reparação emocional e social. Cada mulher que passa por aqui sai com uma nova perspectiva de vida”, destaca o médico.

O evento também serve como marco para reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Distrito Federal registra cerca de 1,1 mil novos casos de câncer de mama por ano. Para Ribas, cuidar da saúde é o primeiro passo para reduzir esses números. “A doença pode ser prevenida e controlada com hábitos saudáveis e acompanhamento regular. A reconstrução é o recomeço, mas a prevenção é o caminho mais seguro”, alerta.

A superintendente da Região de Saúde Sudoeste, Márcia Rodrigues, ressalta o empenho dos servidores e voluntários que fazem o mutirão acontecer ano após ano. “O que vemos aqui é dedicação em sua forma mais pura. Cada profissional que se envolve leva esperança e mostra o quanto o SUS pode ser transformador quando há união e propósito”, afirma.

A diretora do HRT, Thalita Reis, reforça que o mutirão é símbolo de uma década de compromisso com a saúde da mulher e com o fortalecimento da rede de apoio. “São dez anos de histórias que inspiram, de mulheres que voltaram a se reconhecer diante do espelho. O HRT tem orgulho de ser parte dessa trajetória de superação e empatia”, comemora.

A vice-governadora, Celina Leão, destacou a relevância da iniciativa. “Na condição de mulher e vice-governadora, sei o quanto a reconstrução mamária representa mais do que um procedimento cirúrgico. É um gesto de acolhimento, de devolução da autoestima e da dignidade a quem enfrentou uma das batalhas mais desafiadoras da vida. O mutirão do Outubro Rosa é um exemplo de política pública sensível e transformadora que une saúde, empatia e esperança. Cada cirurgia realizada é também um recomeço, uma nova chance de olhar para o espelho com confiança e gratidão”, ressalta Celina.

Entre os voluntários esteve o deputado distrital Jorge Vianna, que participa do mutirão há várias edições, atuando como técnico em enfermagem. Para ele, a experiência renova o sentido da profissão. “É bom demais! Fui muito bem acolhido pelos médicos, pela equipe. Há muita técnica nova, muita coisa nova, muitos equipamentos novos, muitos materiais diferentes. Todo ano tem sempre novidade. Vou me adaptando. Por isso que eu sempre venho, para nunca esquecer o que eu sou e de onde eu vim”, destacou Vianna.

Ações preventivas 

A campanha Outubro Rosa está a todo vapor nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e hospitais do DF. Durante todo o mês, estão sendo oferecidas atividades como palestras sobre alimentação saudável, hipertensão arterial, diabetes mellitus e exames voltados para a saúde da mulher, como a marcação de exames citopatológicos (preventivo) e de mamografia para o público-alvo. Algumas unidades também estão com agendas abertas para inserção do dispositivo intrauterino (DIU).