Retinoblastoma: alerta para predisposição a tumores
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Doença de filha de jornalistas chama atenção de pais com crianças menores de dois anos
As buscas sobre retinoblastoma no Google cresceram vertiginosamente desde sábado (29/01), quando Tiago Leifert publicou um vídeo no seu Instagram.Ao lado da esposa, o jornalista e ex-apresentador da TV Globo, contou aos seus seguidores sobre o tratamento com quimioterapia que a filha do casal está fazendo.
Responsável por quase 100% dos casos de tumores oculares infantis, o retinoblastoma atinge principalmente crianças de menos de dois anos de idade. É causado por uma mutação no gene RB, que é um supressor tumoral.Essa mutação pode ser hereditária ou adquirida. “Quando a causa é hereditária devemos encarar como um sinal de alerta para os pais da criança, pois indica predisposição para desenvolvimento de outros tipos de tumores, como por exemplo, o osteossarcoma, explica dra. Isabela Werneck da Cunha, vice-presidente de Assuntos Acadêmicos da Sociedade Brasileira de Patologia.
“É fundamental que essa predisposição genética seja mapeada e avaliada pelo pediatra e por um médico especializado em oncogenética que orientará sobre a melhor estratégia para monitorar o aparecimento de novos tumores. Isso vale tanto para a criança que teve retinoblastoma quanto para seus irmãos e, também, para os pais, afinal, todos podem ter a mesma predisposição”, alerta dra. Isabela.
O tratamento do retinoblastoma evoluiu de forma muito acelerada nas duas últimas décadas. Até o início desse século, o diagnóstico significava quase que uma sentença de enucleação (retirada dos olhos) ou até mesmo de morte. Felizmente, devido a evolução da medicina com o desenvolvimento e aplicações de novos tratamentos como quimioterapia local, crioterapia e laserterapia, cada vez mais é o possível a preservação ocular, principalmente nos estágios precoces da doença, incluindo a preservação da visão.
Pais atentos
O diagnóstico precoce é crucial para o sucesso no tratamento contra o retinoblastoma. Como acomete predominantemente crianças muito pequenas e geralmente não causa dores, o tumor acaba crescendo de forma silenciosa. Por não saber falar ainda, a criança não consegue exteriorizar os principais sintomas, como dificuldade para enxergar. Por isso, o diagnóstico depende muito da atenção dos pais e familiares. “O pediatra deve ser informado imediatamente, quando da identificação de sinais como estrabismo, movimento descoordenado dos olhos e a presença de manchas brancas ao reflexo luminoso, orienta a vice-presidente da SBP.
Estudo da revista The Lancet, publicado dia 27 de janeiro, analisou 14.621 artigos científicos de nove bancos de dados de 80 países, com mais de 38 mil pacientes, entre os anos de 1980 e 2020.
O resultado do estudo revela que quanto maior o nível econômico e social dos pais do paciente, mais precoce é o diagnóstico e mais eficiente é o tratamento.