Combate à dengue segue na seca
Foto: Paulo H. Carvalho – Agência Brasília
Clima é de tempo seco e frio, mas é importante manter os cuidados já que os ovos do mosquito sobrevivem um ano até encontrar as melhores condições para se desenvolver
A dengue é uma doença que deixa toda a população do Distrito Federal em alerta, já que as consequências da infecção pelo vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti são febre alta, dores no corpo, podendo até matar. Para que os casos da doença sejam controlados são necessárias ações do governo e participação popular para eliminar os pontos de reprodução e proliferação do mosquito transmissor.
Há quatro tipos de vírus de dengue – sorotipos 1, 2, 3 e 4. Cada pessoa pode ter os quatro sorotipos da doença, mas a infecção por um sorotipo gera imunidade permanente para ele. “Portanto, é possível ser infectado até quatro vezes”, explica a infectologista Melissa Barreto Falcão, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Vale ressaltar que as pessoas mais velhas têm maior risco de desenvolver dengue grave e outras complicações que podem levar à morte. O risco de gravidade e morte aumenta quando a pessoa tem alguma doença crônica, como diabetes e hipertensão, mesmo tratada.
Embora a dengue tenha maior transmissão no período chuvoso, é preciso manter as ações preventivas o ano todo, porque os ovos do Aedes aegypti podem sobreviver por um ano até encontrar as melhores condições para se desenvolver.
Levando em consideração esse fator, a Diretoria de Vigilância Ambiental mantém os trabalhos de combate à dengue mesmo no período de seca, o que tem apresentado resultados com a queda nos casos da doença no DF.
De acordo com a Secretaria de Saúde, em 2021, até a semana epidemiológica 20, foram notificados 7.058 casos prováveis de dengue – taxa de incidência de 231,22 casos por 100 mil habitantes. Em 2021, houve um decréscimo de 79,9% no número de casos prováveis, quando comparado ao mesmo período de 2020, em que foram registrados 35.080 casos prováveis.
A Vigilância Ambiental aponta várias ações específicas de combate ao mosquito. Entre elas: tratamento focal com inseticidas e larvicidas, bloqueio focal, aplicação de inseticidas em territórios específicos e visitas domiciliares
O diretor do órgão, José Carlos Natal, explica que é preciso “orientações quanto ao manejo de inservíveis, objetos que não servem mais e podem ser reservatórios de água parada, ou seja, lixo que serve como criadouro de mosquitos. E educação permanente da população em geral, necessariamente devem ser priorizadas em acordo com o fundamento epidemiológico e com as necessidades do público-alvo, levando em consideração a tríade de caracterização epidemiológica: pessoa, tempo e lugar”.
Carlos acredita que a pandemia de covid-19 desviou a atenção dos sistemas de resposta e informação tanto no âmbito da assistência quanto no âmbito da vigilância, o que pode explicar um menor número de notificações de arboviroses.
Trabalho conjunto
As ações de combate à dengue são executadas em conjunto. A Vigilância Ambiental e a Vigilância Epidemiológica trabalham em parceria com vários órgão dos GDF e com representantes de vários setores da sociedade. Estão envolvidas as secretarias das Cidades, da Agricultura, da Educação, da Comunicação, da Casa Civil, Serviço de Limpeza Urbana (SLU), DF Legal, Novacap, Caesb, Corpo de Bombeiros Militar, Emater, Ibram, administrações regionais, entre outros.
Moradores de todas as partes do DF também contribuem no combate da proliferação do mosquito transmissor da dengue.
Antônio Filho, morador do Jardim Botânico, diz que mantém sua casa limpa e organizada para deixar a dengue longe de sua família. “Nunca tive dengue, mas sempre mantive a casa em ordem. Minhas ferramentas e materiais de manutenção da casa são sempre bem guardados, jardim cuidado e não armazeno objetos onde possam virar reservatório de água parada. Todo cuidado ainda é pouco, a dengue é muito séria”, pontua.
“A dengue em geral é algo que ainda assusta, mesmo tendo conhecimento da queda em novos diagnósticos. Tive casos recorrentes de contaminação em pessoas próximas, e com isso os cuidados foram redobrados. Mantenho a limpeza diária do quintal, o descarte do lixo tem sido bem mais consciente evitando deixar abertos vasilhames que possam ter acumulo de água e estou sempre reforçando o cuidado com as pessoas próximas”, conta Jhonathan Gonçalo, morador de Taguatinga Norte.
Tratamento
Ainda não há tratamento específico para a dengue. De acordo com avaliação dos profissionais de saúde são recomendadas medidas como fazer repouso, ingerir bastante água e não tomar medicamentos por conta própria. Pode ser recomendada também a hidratação intravenosa com soro. Em caso de suspeita, é fundamental procurar um profissional de saúde para ter o diagnóstico correto.
O Instituto Butantan anunciou no ano passado que está na última e mais avançada fase de testes da vacina contra a doença que atormenta o DF. A imunização contra dengue foi desenvolvida com vírus geneticamente atenuado para proteção contra os quatro tipos de vírus da doença. Desde 2016, os cientistas realizam o ensaio clínico com 17 mil voluntários entre 2 e 59 anos, em parceria com 16 centros nacionais de pesquisa. Essa fase tem duração de cinco anos, mas nem todos voluntários estão sendo vacinados ao mesmo tempo, por isso, a pesquisa deve prosseguir pelos próximos anos para, então, ter a obtenção do registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).