sexta-feira, maio 3, 2024
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Filhos da capital

Foto: Agência Brasília

Em pouco mais de 60 anos de existência, mais da metade dos moradores de Brasília são nascidos aqui

Neste 21 de abril de 2023, a capital federal completa seu 63º aniversário. Por mais de seis décadas, Brasília continuou carregando o lema de governo do presidente Juscelino Kubitschek: “50 anos em 5”. Isso porque em pouco mais de 60 anos, a cidade programada para receber apenas 500 mil habitantes já tem uma população estimada em mais de três milhões e cem mil moradores. 

Território povoado por brasileiros de diversas partes do país, o Distrito Federal tem construído sua história e desenvolvido suas características próprias ao longo dos anos, seja no vocabulário, nas atividades culturais, nos comportamentos da população entre outros aspectos. 

Fato interessante, é que Brasília já tem mais da metade da sua população nascida no quadradinho. De acordo com dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) 2021, realizada pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), 55,5% da população brasiliense corresponde a pessoas nascidas no DF.

A família Silva representa bem esse cenário. Vindos do interior do Maranhão, opatriarca da família chegou a Brasília na década de 1970 junto com sua esposa e dois filhos, ainda bem pequenos. Seu Antônio Silva veio para a capital por conta das oportunidades na construção civil. Por ser uma cidade ainda muito jovem, o Distrito Federal ainda demandava muita mão de obra no setor.

Instalados no Paranoá, vieram mais cinco filhos que foram criados na região administrativa e hoje atuam em diversas áreas do setor de serviços, todos eles filhos da capital federal.

Essa transformação começou em 2013, quando o número de nascidos aqui começou a se aproximar ao de migrantes de outros estados. A quantidade passou em 2018, com os naturais do DF superando os demais, se tornando 55,3%.

“As duas últimas PDADs já apontam uma diferença próxima de 5% entre essa população [nascidos e migrantes]. Em 2018, o número era de 1,5 milhão, enquanto em 2021, já somavam mais de 1,6 milhão no universo de uma população de três milhões. Vemos um crescimento. Já somos maioria… posso dizer assim porque também me incluo nesse contingente”, destaca o coordenador de Pesquisas Socioeconômicas do IPEDF, Jusçanio de Souza, que também é brasiliense e completa 63 anos no mesmo mês que Brasília.

Além do Plano Piloto

É importante destacar que essa transformação populacional se deve, principalmente, pela expansão territorial do DF. Brasília vai muito além do Plano Piloto.Candangolândia, Vila Planalto, Taguatinga, Ceilândia fazem parte, diretamente, da constituição da capital federal. 

Em épocas mais recentes novas regiões administrativas encorparam a densidade demográfica da unidade da federação. Vicente Pires, Águas Claras e Jardim Botânico são exemplos de novas RAs que constituem a capital federal.

“Não são só as estatísticas que mostram o crescimento expressivo da população em mais de 60 anos. Quando Brasília começou, haviam registradas oito cidades satélites e hoje são contabilizadas 35 regiões administrativas. Essas mudanças podem ser consideradas muito rápidas”, afirma Jusçanio.

Perfil

De acordo com o PDAD, dos 55,5% dos habitantes de Brasília que são nascidos no Distrito Federal, a maior parcela da população está entre as pessoas de 0 a 24 anos. E há um equilíbrio entre homens e mulheres. Mas há distinção quando se trata de cor. A maior parcela desse grupo é composta por pardos (47,1%) e brancos (41,6%), em menor quantidade estão os pretos (9,7%), amarelos (1,35%) e indígenas (1,35%).

Umas das características mais marcantes da migração é a origem de quem se instalou em Brasília. Segundo levantamento, 15,5% dos moradores da capital são de Minas Gerais, 11,9% vieram da Bahia, empatado vem o Goiás com 11,9%, em seguida aparecem Maranhão com 11,6% e Piauí com 11,4%.