segunda-feira, abril 29, 2024
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Golpe do empréstimo: o que fazer?

Foto: Freepik

Moradora do DF caiu em fraude de falso empréstimo. Polícia Civil orienta registro de boletim de ocorrência. Especialistas apontam que isso ajuda as autoridades a coibirem ações criminosas

As fraudes não param. A cada dia grupos criminosos desenvolvem novas maneiras de enganar pessoas e conseguir dinheiro de forma ilícita, seja por telefone, e-mail ou redes sociais. No Distrito Federal os casos são muitos. Em todas as regiões é possível identificar ou saber de alguém que caiu num desses golpes.
Ultimamente, tem chamado atenção o aumento dos casos de falsos empréstimos e boletos on-line. O DF Notícias foi contactado por uma vítima esta semana que contou como tem funcionado a ação desses criminosos. Por motivo de segurança ela preferiu não se identificar, mas enviou provas do golpe e citou ainda dificuldades encontradas para registrar boletim de corrência na delegacia virtual.
A vítima conta que: “Tudo parecia muito real. A pessoa estava em um grupo de mulheres do DF, que são clientes de um salão de beleza, divulgando o empréstimo. Neste grupo só tem acesso quem tem relação com o salão ou foi convidada a participar. Por isso não esperava cair num golpe onde só tinha mulheres. Eu falei com a pessoa que ofertou o empréstimo e ela explicou tudo, disse como era e o que eu precisava ter para adquirir o valor. Pediu meus dados e disse que ia consultar a possibilidade de liberação, que a resposta seria dada em algumas horas. No horário combinado eu entrei em contato e ela disse que havia sido liberado um determinado valor. Mas avisou que seria necessário a realização de um PIX, no valor de R$ 180, para que eu tivesse acesso ao dinheiro, seria uma espécie de taxa que seria devolvida depois. Na hora não desconfiei de nada e não tinha o valor. Avisei que só tinha R$ 50. A pessoa aceitou. Feita a transferência eu fiquei aguardando ela entrar em contato para pedir os dados bancários, passei também esses dados e nada do dinheiro entrar. Fiquei cobrando resposta e retorno, e nada de resposta. Depois disso fui bloqueada”.
“O que me preocupa é que em seguida ao bloqueio eu recebi uma mensagem SMS, onde constava que eu tinha realizado uma abertura de conta no banco Itaú. Eu não abri conta alguma. Caí em uma fraude. Estou preocupada de estarem usando meus dados para aplicar golpes e utilizar cartões de crédito ou operações bancárias em meu nome. Não sei o que fazer. Tentei registrar boletim de ocorrência no site da Polícia Civil e não foi possível, a ocorrência não registra. Neste período de pandemia, onde não podemos ter contato com outras pessoas e evitar ao máximo sair de casa eu acredito que a polícia deveria verificar esses erros e ajudar as vítimas a registrarem as ocorrências o mais rápido possível”, disse a vítima.
O especialista em segurança, Alexandre Lima, disse que “é comum esse tipo de golpe. Durante a pandemia muitas pessoas perderam a renda ou estão endividadas, os golpistas se aproveitam disso. Eles se passam por uma instituição financeira, a maioria das vezes o primeiro contato acontece via redes sociais. Oferecem o serviço e induzem a vítima a efetuar uma transferência bancária referente a taxas e despesas que nem existem e a deixam com o prejuízo. Se a pessoa caiu em um golpe como este, é necessário registro de boletim de ocorrência, isso ajuda as autoridades a verificarem o aumento de fraude e a produzirem meios de evitar novos golpes”.
De acordo Lima, “se for o caso do golpe efetivado, a vítima deve entrar em contato com sua instituição bancária e cancelar a transferência caso tenha sido feito um DOC, que será compensado no próximo dia útil. Mas se for PIX é mais difícil, a transação acontece instantaneamente. Se entrar em contato com a instituição financeira eles saberão como direcionar o cliente. As pessoas não podem hesitar em pedir ajuda e registrar o boletim de ocorrência”.
A Serasa, empresa brasileira de análises e informações para decisões de crédito e apoio a negócios, dá algumas dicas para identificar uma fraude e evitar contratar um empréstimo falso.
“Quanto mais atraente for a oferta, maiores as chances de golpe. É importante ter calma e consultar mais informações sobre a empresa antes de solicitar o dinheiro; procure empresas com boa reputação no mercado e que seguem normas do Banco Central para conceder crédito; não faça depósitos ou transferências antes de receber qualquer valor. Nenhuma instituição confiável solicita antecipação para liberar o dinheiro; não passe seus dados pessoais e documentos para desconhecidos. Se tiver o contato por WhatsApp, se certifique de que o número é o mesmo que a empresa disponibiliza; não aceite pagar as parcelas do empréstimo em contas de pessoas físicas; verifique o endereço da empresa e se ela realmente opera no local; faça uma pesquisa de satisfação da empresa. Busque na internet avaliações da instituição e em site como Reclame Aqui e Procon. Assim, você vê quais são as reclamações de outros clientes sobre essa empresa. Desconfie de empresas que não têm avaliações nenhuma”, apontam.

Boletos falsos

De acordo com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), o boleto bancário é a forma de pagamento utilizada por 75% dos brasileiros. Porém, apesar do investimento alto na segurança dessa operação financeira, existem pessoas que atuam neste segmento. O que se sabe é que a maioria dos documentos falsos chegam via e-mail ou por correspondência, mas a maioria só percebe tarde demais, quando é feito o pagamento.
Especialistas apontam que a primeira providência é informar o banco no qual você fez o pagamento sobre a situação. A compensação de um boleto bancário pode demorar até 3 dias úteis, então é possível que a entidade financeira possa cancelar a transferência do dinheiro se ela ainda estiver pendente. Além disso, comunique o serviço de atendimento ao cliente do banco destinatário sobre o possível golpe, eles podem fazer um bloqueio preventivo dos valores antes que o golpista ponha as mãos neles.
Os profissionais apontam que fazer um registro policial é primordial, pois por meio do CPF ou CNPJ pode se verificar quem tem sido beneficiado. Assim a polícia pode abrir um inquérito para investigar a conta.

Ajuda

A Polícia Civil do Distrito Federal disse por meio de nota que “disponibiliza quatro meios para recebimento de denúncias: além do 197 Denúncia On-line, o telefone 197 opção 0 (zero), o e-mail: denuncia197@pcdf.df.gov.br e o WhatsApp (61) 98626-1197. Por esses canais, o cidadão pode denunciar foragidos da justiça e crimes que já ocorreram, que estão em andamento ou que tenha conhecimento que estão sendo planejados. Não é necessário se identificar. Quando as vítimas não conseguiram registrar boletim de ocorrência via site da PCDF elas podem registrar nas delegacias da PCDF”.