terça-feira, abril 23, 2024
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Reabilitação pós-covid chega à UnB

Foto: Arquivo pessoal

Programa de reabilitação pulmonar supervisionada é realizado por 8 semanas, com equipamentos modernos. Médica aponta quais principais sequelas pós-covid e quando procurar ajuda

Desde que a covid-19 chegou ao Brasil cientistas e estudiosos se debruçam sobre o tema. Cada vez mais é possível identificar fatores, situações, condições e evolução da doença. Além te ser uma enfermidade com altos índices de infectados, o número de pacientes que sofrem sequelas, das mais variadas, também é crescente.
As disfunções crônicas resultantes da infecção pelo coronavírus podem durar meses e exigir um plano de reabilitação, mesmo o indivíduo já estando curado da covid-19. E para estes casos, algumas unidades de saúde já oferecem esse tipo de atendimento. Além da rede de hospitalar, a UnB (Universidade de Brasília) em parceria com a SES (Secretaria de Saúde), a ESCS (Escola Superior de Ciências da Saúde) e Unievangélica, também conta com um programa que busca auxiliar pessoas nessas condições.
O DF Notícias entrevistou o Prof. Dr. Gerson Cipriano Jr., professor do Curso de Fisioterapia do Campus Ceilândia da UnB, um dos coordenadores do projeto, para saber sobre a novidade e como o programa tem funcionado. Ele contou que “o Programa de reabilitação pulmonar supervisionada em pacientes pós-covid-19 sobreviventes das Unidades de Tratamento Intensivo, tem como objetivo avaliar os efeitos de um programa de reabilitação pulmonar e treinamento dos músculos respiratórios em pacientes que evoluíram com a forma grave da covid-19”.
“Após avaliação prévia da condição clínica e da capacidade cardiorrespiratória do paciente, o programa de reabilitação é realizado durante 8 semanas por diversos profissionais de saúde, com a utilização de equipamentos modernos para realização de exercícios, além do monitoramento contínuo, e suplementação de oxigênio quando necessário. O treinamento dos músculos respiratórios é realizado com um equipamento de treinamento com feedback visual computadorizado. Podem participar pacientes com idade superior a 18 anos, que tenham permanecido em ventilação mecânica por pelo menos 48 horas. No total, cento e vinte pacientes serão avaliados quanto a função pulmonar, capacidade cardiorrespiratória, dispneia, qualidade de vida e custo efetividade antes e após o programa”, esclarece o doutor.
Quanto ao atendimento dos pacientes, o Dr. Gerson explica que “o programa é gratuito e multicêntrico, e já iniciou os atendimentos no Campus Ceilândia da Universidade de Brasília e no ambulatório de Reabilitação do Hospital Regional da Asa Norte, e futuramente receberá pacientes na Unievangélica, em Anápolis”.
“Para funcionar, o projeto conta com a colaboração voluntária de profissionais de saúde, pesquisadores e alunos da área de saúde, e recebeu financiamento inicial da empresa JBS, após seleção junto ao CNPq. No entanto, ainda pode receber doações por meio da FINETEC/UnB: https://www.finatec.org.br/doacaoprojetos, sob o título: Programa de Reabilitação baseado em mHealth para pacientes com doença cardiovascular como estratégia de prevenção e tratamento às vítimas do COVID-19: um estudo colaborativo multicêntrico internacional”, enfatiza.

Quando procurar ajuda

A Dra Claudia Ferrara (CRM-DF 20877) também foi entrevistada e apontou as principais sequelas da covid-19 e o que se deve fazer nessas condições. A especialista em dor crônica conta que “as sequelas do coronavírus podem afetar a qualidade de vida e até ameaçar a vida. Estudos mostram que até 80% dos recuperados sentem, ao menos, um sintoma, até quatro meses depois do fim da infecção. Trata-se da síndrome pós-covid”.
Ela cita que “estudos apontam que o sistema imunológico trabalha de maneira ‘exagerada’ para vencer a infecção do coronavírus. Esse enorme esforço do organismo pode resultar em um processo inflamatório que desencadeia em dores musculares e de cabeça. Os principais sintomas pós-covid, são: fadiga; falta de ar; dores de cabeça; dores musculares; queda de cabelo; perda de paladar e olfato (temporária ou duradoura); dor no peito; tontura; tromboses; palpitações; depressão e ansiedade”.
Além disso, a médica explica que as principais queixas são: mal-estar; dores de cabeça e perda de olfato. Mas o “paciente pós-covid deve observar que, se o incômodo for intenso, o ideal é procurar atendimento médico. Afinal, não é normal não sentir-se bem”.
“A reabilitação sempre deve ser acompanhada por um profissional habilitado e registrado. Pois, a ação rápida e com assistência profissional correta faz a diferença. Todo paciente com sintomas de covid ou pós-covid deve procurar assistência médica IMEDIATA para orientações e acompanhamento adequado. Cada profissional irá indicar um tratamento específico para cada quadro e a individualidade de cada paciente. Tal tratamento poderá, inclusive, ser multidisciplinar, envolvendo profissionais de saúde de outras áreas, como psicólogos e fisioterapeutas”, salienta Dra. Claudia.

Reabilitação no DF

De acordo com a Secretaria de Estado de Relações Institucionais do DF, “Hoje, há quatro Ambulatórios de Saúde Funcional (ASF) que oferecem a reabilitação pulmonar e funcionam nos seguintes locais: Hospital Regional de Taguatinga (HRT); Hospital Regional da Asa Norte (Hran); Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF); Hospital Universitário de Brasília (HUB)”.
“Para ter acesso à reabilitação pulmonar, o paciente deve procurar uma das unidades que oferecem o serviço com o encaminhamento do pneumologista para agendamento da avaliação. Os objetivos do tratamento são: melhorar a função pulmonar com diminuição da dispneia (falta de ar), maior tolerância aos esforços; independência para realizar as atividades diárias; melhorar a qualidade de vida; e retorno à vida produtiva, trabalho e lazer”, conclui o órgão.