quinta-feira, maio 9, 2024
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Brasilienses reclamam de ligações abusivas

Foto: stockking/freepik

Anatel revela que o Brasil é o país com o maior número de ligações spam do mundo 

Cedo de manhã, na hora do almoço, no fim da noite o telefone toca e mais uma vez é uma ligação indesejada. Essa é a realidade da grande maioria dos brasilienses que já não sabem mais o que fazer para que esse tipo de ligação inconveniente não aconteça.

Rosi Madeira é diarista e reclama a perturbação. “Todos os dias meu telefone começa a tocar cedo. Recebo umas cinco ligações por dia de robôs que ficam oferecendo crédito, internet, seguro de vida e de carro, sendo que nem carro tenho. Toda vez que é uma ligação dessas eu bloqueio o número, mas não adianta, eles ligam de outro número”, relata a trabalhadora.

Antônio Fábio Silva é prestador de serviços e também tem sido prejudicado com as ligações inconvenientes. “Preciso do telefone para atender meus clientes. Presto serviços em domicílio então o meu número telefônico é minha ferramenta de trabalho, mas esses telemarketings acabam atrapalhando minhas atividades. Por vezes estou em atendimento, o telefone toca e pensando ser mais um cliente atendo e vem uma gravação me oferecendo um produto ou serviço que eu não tenho o mínimo interesse em adquirir, isso atrapalha meu trabalho. Sei que existe o sistema “Não Me Perturbe”, já cadastrei meu número, mas de nada adiantou”, explica Silva.

De acordo com a Anatel, o Brasil é o país com maior número de ligações indesejadas no mundo, com 32,9 ligações de spam por usuário, por mês. O segundo colocado, Perú, registra um número bem menor: 18,02 chamadas ao mês por usuário.

Estudo da Truecaller identifica três tipos de chamadas indesejadas: ligações do sistema financeiro, vendas e golpes. Os dados apontam que as ligações de bancos, financeiras, empresas de cartões de crédito e seguros representam 44% de todo o spam, seguidas pelas empresas de telemarketing, com 39%. As ligações de golpes somam 16,9%.

Ações

A Anatel tem trabalhado para combater esse tipo de importunação. Exemplo é o bloqueio do acesso telefônico a 582 empresas que faziam chamadas em massa, infringindo três medidas cautelares editadas desde 2022. Destas empresas, 126 firmaram termos de compromisso para passar a cumprir os limites determinados pelo regulador.

Apesar dos resultados positivos já alcançados, o problema das chamadas abusivas persiste, e a Anatel continua investigando os responsáveis por essas práticas. Segundo informações do órgão, até o final do ano, o Brasil irá adotar o protocolo de autenticação e identificação de chamadas conhecido como “stir/shaken.”

Esse protocolo tem como objetivo apresentar as chamadas telefônicas aos consumidores com informações completas, incluindo o número do discador, a identificação da empresa, nome e logomarca, bem como o motivo da ligação. Além disso, um selo será utilizado para atestar o originador da chamada. A previsão é que este serviço entre em operação em janeiro de 2024.

Não Me Perturbe

Na intenção de bloquear as chamadas abusivas, a Anatel disponibiliza a plataforma “Não Me Perturbe”. O sistema está disponível na internet no endereço www.naomeperturbe.com.br, e possibilita que os consumidores que não desejam receber ligações de telemarketing ativo se cadastrem, gratuitamente, na “Lista Nacional de Não Perturbe”.

Segundo a agência, em até 30 dias depois da solicitação de cadastramento, o consumidor não receberá mais ligações para a oferta de: serviços de telefonia fixa, telefonia móvel, banda larga e TV por assinatura das prestadoras participantes: Algar, Claro, Oi, Sercomtel, Sky, Tim e Vivo; e empréstimo consignado e cartão de crédito consignado, das instituições financeiras participantes: Agibank, BMG, BRB, BV, Banco Alfa, Banco C6 Consignado, Banco Master, Banco do Brasil, Bancoob, Banpará, Banrisul, Bradesco, Bradesco Financiamentos, CCB Brasil, CCB Brasil Financeira, Caixa, Cetelem, Daycoval, Digio, Facta Financeira, Financeira Alfa, Inter, Itaú Consignado, Itaú-Unibanco, Mercantil do Brasil, Mercantil do Brasil Financeira, PAN, Paraná Banco, Safra, Santander / Olé, Sicredi, Zema Financeira.