segunda-feira, maio 13, 2024
Política

Distritais dizem não à aporofobia

Foto: SEDES-DF

Deputado Delmasso defendeu em sessão desta semana iniciativa das casa de passagem, projeto do GDF. Para isso usou termo pouco conhecido no vocabulário diário dos brasilienses “aporofobia” – aversão a pobre

“A implantação é, sim, um ato humanitário”
Foto: Carlos Gandra / CLDF

O deputado distrital Rodrigo Delmasso (Republicanos) usou o Plenário, na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), para defender as casas de passagem instaladas pelo governo do Distrito Federal em regiões administrativas. Ao fazer uma reflexão sobre as unidades, disse que percebe-se que algumas pessoas possam ter “aporofobia”- aversão ao pobre – e que ao invés disso, deveriam acolher as pessoas em situação de rua e de abandono no Distrito Federal. O projeto defendido pelo distrital é de autoria do Governo do Distrito Federal e tem sido executado pela Secretaria de Desenvolvimento Social, sob o comando da primeira dama, Mayara Noronha Rocha.
Em sua fala, Delmasso ressaltou que “temos visto essa prática por algumas pessoas que se utilizam de interesses que não atendem aos princípios constitucionais, se movimentando contra as casas de passagem”, disse. “Ninguém vai dizer que um morador de rua não deve ter uma condição social digna, mas muitos dizem: ‘longe de mim, longe da minha casa’”, continuou.
“A implantação das unidades de acolhimento faz parte de uma política de atendimento ao princípio do resgate da dignidade humana. A implantação é, sim, um ato humanitário”, defendeu o distrital. E concluiu: “Clamo a toda a sociedade: onde for instalada uma casa de passagem, que seja abraçada”.

Apoio

Outros distritais elogiaram a postura do deputado, a exemplo do deputado Fábio Felix (PSOL), que já havia tratado do assunto na sessão do dia anterior. “Do lugar de seus privilégios, muitas pessoas não querem as unidades de acolhimento. Mas não adianta reclamar da crise social por que passamos e não ajudar o Estado a estruturar essa política”, defendeu.
Arlete Sampaio (PT) concordou e foi além, criticou a postura do governo “ao derrubar barracos sem oferecer nenhuma alternativa”. Sobre as casas de apoio e ao comentário do colega de legislatura, Arlete disse: “A sociedade precisa ter solidariedade, fraternidade e não esse ódio”.
Análise de especialista
O especialista em política Ednaldo Martins aponta que o debate na CLDF acontece em um momento muito importante na sociedade, “é quando há centenas de famílias em situação de rua. As pessoas precisam de apoio e isso não deve acontecer apenas pela sociedade civil organizada, isso tem que contar com apoio dos poderes também. A pauta social não deve ser exclusividade do Legislativo ou do Executivo, o deputado está certo em apoiar. Os dois poderes precisam andar lado a lado quando se trata do bem estar da sociedade. A fala do distrital é recebida como positiva. É uma ação do governo, mas que precisa ser acolhida também pela comunidade”, diz.

As casas

As casas de passagem citadas pelo distrital estão em viabilização pela atuação do GDF, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes). Em março deste ano, o governo abriu duas unidades para ofertar novas vagas para o Serviço de Acolhimento Institucional. As unidades ficam em Taguatinga e Planaltina. Cada uma tem 50 vagas para pessoas em situação de vulnerabilidade ou de rua.
De acordo com o Buriti, “as unidades de acolhimento garantem segurança alimentar e nutricional aos usuários, com refeições diárias, e funcionam como abrigo com camas para dormir, banheiros e lavanderia. Também são oferecidos espaço de convívio social, cursos técnicos, atendimento médico com apoio das equipes de consultórios na rua e orientações sobre a covid-19”.
Além disso, a Secretaria pontua que tem trabalhado com 44 instituições parceiras responsáveis pelo acolhimento diário de mais de mil pessoas.
Para a secretária e primeira dama, Mayara Noronha, “é mais uma etapa na ampliação da oferta desse serviço no DF para quem mais precisa, de forma descentralizada e com responsabilidade social”, explica.
A gestão das casas é feita por uma parceria entre a secretaria e o Instituto Tocar. Em cada local há uma cozinheira, 20 orientadores sociais, dois psicólogos e dois assistentes sociais.
“Na unidade, os acolhidos terão um acompanhamento socioassistencial para que possam superar essa situação de vulnerabilidade, e assim resgatarem sua autonomia”, afirma Mayara Rocha.
A gestora aponta ainda que a sociedade civil apoia a instalação de casas de passagem. “Vários órgãos do GDF estão envolvidos para assegurar um espaço digno a essas pessoas, e para garantir a convivência com os demais moradores e comerciantes das regiões”, completa.