Endometriose: por que aumentaram os casos?
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Especialista aponta quais as principais causas do aumento de registros da doença no país
Doença que causa uma série de impactos na saúde feminina tem crescido de maneira alarmante no Brasil, segundo especialistas. A endometriose é caracterizada pelocrescimento anormal do tecido endometrial em regiões localizadas fora da cavidade uterina e pode resultar em dores menstruais intensas; mudanças de hábitos intestinais; dificuldade de evacuação; sangramento fora do período; infertilidade e câncer de ovário.
Estimativas apontam que em 2022 foram cerca de 7 milhões de diagnósticos de endometriose no Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas por que esse número vem crescendo?
De acordo com a ginecologista e especialista em endoscopia ginecológica e em tratamentos voltados para ginecologia regenerativa, Mariana Rodrigues, o primeiro ponto a se considerar é a recente conscientização, com a popularização da doença e seus efeitos, o que tem trazido benefícios importantes.
“Ao conhecer a enfermidade, mais pacientes procuram o serviço de saúde, aumentando a taxa de mulheres com endometriose. Isso significa que uma parcela das mulheres que, anteriormente desconheciam a doença, agora têm informação e buscam por diagnóstico e tratamento”.
Segundo a especialista, além disso, há inúmeros fatores externos que têm contribuído com o surgimento da endometriose. Como por exemplo a mudança no estilo de vida. “Hoje, assumindo diversos papéis, como profissionais e mulheres empoderadas, tem aumentado o alto índice de estresse, um grande fator que pode contribuir com a endometriose”, explica.
Outros aspectos, como a alimentação inadequada, também fruto dessa sobrecarga da mulher moderna, a falta de tempo para a prática de atividades físicas, vitais para o bom funcionamento do organismo, bem como o adiamento da gravidez, em função dos desafios profissionais constantes, também têm influenciado no aumento dos diagnósticos de endometriose.
“Se, há 20 anos, a mulher optava por engravidar entre 20 e 30 anos, hoje esse quadro é bem diferente, de acordo com dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS). Hoje, é comum que as mulheres deixem para optar pela gestação após os 30 anos, às vezes, até após os 40. E isso tem reflexos no organismo: o corpo da mulher vai se alterando com a idade e a gravidez, principalmente após os 40 anos, pode enfrentar mais riscos, implicando em problemas como abortamento, diabetes gestacional, além de outras complicações que podem surgir no início da gestação”, destaca a especialista.
Além disso, Mariana pontua a questão da hereditariedade, que segundo ela, ainda pouco comentada com relação à endometriose. “Por isso, é importante ter atenção a casos diagnosticados na família, para permitir outros diagnósticos futuros com rapidez, em função do histórico familiar”.
Sintomas
A ginecologista alerta que as mulheres devem estar atentas aos primeiros sintomas, que podem incluir, além da cólica menstrual intensa e com característica progressiva, dores durante a relação sexual e, em alguns casos, infertilidade. Em menor grau, podem aparecer outros sintomas de alerta, como sangramento nas fezes, massa abdominal palpável, alterações intestinais e dor para evacuar ou urinar.
A importância do diagnóstico precoce está relacionada aos cuidados que devem ser incluídos na rotina da mulher diagnosticada: uma dieta adequada e anti-inflamatória e a prática de exercícios físicos passam a ser obrigatórias, para a manutenção de um estilo de vida mais saudável. Alguns alimentos passam a se tornar proibidos ou têm consumo restrito, sob a ótica do estímulo à inflamação, como leite, alimentos que possuem glúten, açúcar e carne vermelha, entre outros.