segunda-feira, abril 29, 2024
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Venda de planos de saúde só depois do reajuste

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Orientação é para que corretoras mantenham comercialização de determinados produtos suspensos até o reajuste

Em um universo de quase 215 milhões de habitantes, o Brasil tem 49.789.947 usuários da saúde suplementar, ou seja, contratantes de planos de saúde. Embora o país ofereça um sistema público de atendimento, muitas famílias se veem pressionadas a contratar serviços particulares pela alta demanda no Sistema Único de Saúde (SUS), poucos hospitais e postos de atendimento, falta de insumos e profissionais.

Mas contratar um serviço de atendimento médico-hospitalar particular não tem sido uma decisão fácil para os brasileiros. Mesmo sendo reguladas por órgão de fiscalização, as prestadoras de serviços têm se valido da pandemia para aumentar suas tabelas e da taxatividade do rol da ANS para limitar os atendimentos.

Agora, a nova reclamação dos clientes é a dificuldade de contratar um plano de saúde. Uma leitora que pediu para não ser identificada, conta que há mais de dois meses tem tentado migrar de plano e não consegue.

“Diariamente entro em contato com corretoras de plano de saúde para tentar trocar meu plano que ficou muito caro, mas parece que eles não querem vender. Sei de planos de saúde mais em conta, mas os corretores só me oferecem produtos caros ou com uma rede de atendimento muito limitada. A gente já sabe que a saúde virou um mercado muito valioso para quem quer ganhar dinheiro. As empresas se valem da situação do SUS e do medo que as pessoas têm de passar mal e não ter atendimento para impor o preço que bem entendem”, conta a empresária.

O DF Notícias teve acesso com exclusividade, a um áudio de coordenador de vendas orientando seus funcionários sobre a suspenção de vendas de produtos da Unimed até o reajuste das tabelas.

“Pessoal, a orientação é que não venda nada na vigência nova até eles se decidirem (reajuste). Então vigência mês nove não vai ter venda. Porque eles primeiro vão ajustar a casa para soltar a tabela, e se soltar, vai depender muito do reajuste”.

O reajuste em questão foi autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) no dia 26 de maio. O aumento de 15,5% nos planos de saúde individuais e familiares foi o maior registrado desde 2000. Segundo a própria agência, anterior a esse reajuste, a maior alta registrada foi em 2016, 13,57%.

Reajuste negativo

Em 2021, por conta da pandemia os serviços médicos como cirurgias e exames foram suspensos, resultando na queda de atendimentos, por isso, foi determinado um reajuste negativo de -8,19% nos planos de saúde individuais.

Para a Associação Brasileira de Planos de Saúde a pandemia de Covid-19 provocou redução das despesas em 2020, mas os custos voltaram crescer consideravelmente em 2021. De acordo com a entidade, “esse é um ciclo da pandemia. A pandemia gerou uma distorção nas nossas despesas. As despesas em um momento caem e, em um outro momento, que é ano passado, elas explodem”.

O superintendente de estudos e projetos especiais da Federação Nacional de Saúde Suplementar, Sandro Leal Alves, explica que a redução nas atividades ocorreu pelo medo das pessoas de procurarem serviços de saúde nos piores momentos da pandemia. Por isso, segundo ele, ocorreu a diminuição na procura principalmente por consultas e exames, mas a busca por esses serviços voltou a crescer em igual proporção com a retomada da normalidade. “É o chamado efeito rebote: você guardou toda aquela demanda que estava reprimida e, quando as pessoas voltam às suas atividades normais, é natural que esse efeito aconteça”, justifica.